Muitos dias se passaram desde a partida de George e o vilarejo estava sendo antecipadamente preparado para o grande dia do casamento de Anton e Maria, que estava marcado para o quinto mês do ano seguinte.
A felicidade ali era grande, principalmente a do casal, que já fazia planos para aumentar a família logo depois de casados, planejando ter muitos filhos, preferencialmente um time de quadribol inteiro.
Além disso, boa parte da Irmandade trabalhava construindo a sede da Hoffer Corporações Mágicas e Serviços de Caça que, em aproximadamente um ano, começaria a funcionar fornecendo varinhas, vassouras, livros, ingredientes para poções, bolas para quadribol, o esporte dos bruxos e vários outros elementos que eram de serventia vital para os humanos nascidos com poderes. Também, essa indústria serviria para fazer o vilarejo crescer e servir de morada para bruxos, que conviveriam harmonicamente com os trouxas, nascidos sem poderes e de família não bruxa.
Os camponeses estavam muito faceiros com a chegada dos novos vizinhos que se instalavam nas proximidades, os bruxos ali chegados naqueles dias não eram nada do que ouviam falar, pelo contrário, pessoas muito sociáveis e bondosas que faziam questão de compartilhar do seu pão com os mais pobres do vilarejo, apesar de alguns dos bruxos serem bem inclinados à maldade.
Isso despertou a comoção de todos, principalmente da Irmandade, que muito estava aprendendo com aquelas pessoas que antes desprezavam e queriam queimar.
Os irmãos mais conservadores, agora sem ação devido à liderança de Harold e o fato de muitos dos aliados gostarem de Harold, ficaram furiosos inicialmente, mas depois viram que aquilo não tinha sentido, pois muitos bruxos ali eram cristãos, o que para eles era ótimo, porque eles queriam manter a ordem e a moral mesmo com aquela “invasão”, sendo a única ressalva dos irmãos mais conservadores alguns bruxos serem judeus, coisa que não importava para Harold, pois ele não tinha preconceito contra ninguém, exceto gente devassa.
Ártemis Winchester, apesar de toda a tranqüilidade de agora, andava nervoso e sem saber o que fazer, pois tinha certeza de que George tinha mentido sobre a noite da comemoração e armado algum tipo de plano, ainda que não soubesse qual e não pudesse provar. Ele tinha o pressentimento de que uma tragédia aconteceria.
Um dos bruxos recém chegados ali, um padre chamado Constantino Joseph Di Kholbe, perguntou o que se passava: - O que te aflige filho meu, posso te ajudar?
Ártemis disse tudo que pensava e Constantino disse com espanto: - Se o que me dizes é verdade, como vais provar? Sabes que não pode fazer acusações sem ter provas concretas!
- Pelo amor de Deus padre, o senhor tem de acreditar em mim! - exclamou Ártemis sem saber a quem recorrer, já que não contara a ninguém suas inquietações.
- Acalme-se, vamos ver o que posso fazer - disse o padre bruxo colocando as mãos nos ombros fortes de Winchester.
O britânico sentiu-se mais aliviado, pois formulara uma tese aparentemente absurda baseada nos fatos ocorridos nos últimos tempos: a de que Frieda tinha conseguido escapar de alguma forma do castelo quando houve a invasão dos camponeses, se instalara na casa de George e o seduzira com sua lábia de vampira prostituta.
Essa conclusão se fez quando ele levou em conta três fatos no mínimo inesperados: o saque feito na casa de Katy e Maria, a descrição da roupa da ladra feita pela menina Rowena e a camisola da vampira Karnstein ser muito diferente do que a pequena descrevera, o que o fizera concluir que a roupa engraçada era vermelha e provavelmente devia estar rasgada, pois o único modo que Frieda teria de escapar, mesmo com sérias chances de fracasso, seria pulando o muro do castelo para dentro do fosso, onde havia inúmeras moitas de espinheiro e água que corria em direção ao bosque.
Não contara a ninguém sua teoria a não ser para o padre, pois achava que alguém o chamaria de louco, pois vários dos irmãos viram e fizeram questão de mostrar a ele e ao resto as manchas de sangue na água e os pedaços do vestido vermelho dela boiando.
Porém, ele tinha dúvidas quanto a isso que vira e com esses acontecimentos recentes, elas aumentaram e uma única certeza tomara a sua mente: George armara um plano de vingança, algo que ele queria por causa de um fato que o deixara muito furioso, o castigo dado à sua irmã muito adorada devido à devassidão dela: mergulhada oito vezes em água muito gelada, Lucrecia contraíra a tuberculose que hoje comia seus pulmões.
Enquanto isso, George, já em sua mansão vienense, vivia dias maravilhosos com sua muito amada Frieda, que lhe proporcionava mais prazer do que nunca enquanto ambos pensavam em como iam ter contato com o imperador Francisco I, já que corria o Congresso de Viena na capital.
- Ah minha deusa, não posso acreditar que teremos de adiar nosso plano por causa deste maldito congresso, será que não há um modo de burlarmos essa burocracia em torno do imperador?! - exclamou George furioso.
- Calma meu amor, temos todo o tempo do mundo, vamos deixar a Irmandade pensar que está tranqüila e quando eles menos esperarem, vão estar no cadafalso da forca - disse Frieda rindo e roçando os seus caninos afiados na pele nua de George, além de deslizar as mãos pelo musculoso corpo dele.
- Tem toda a razão minha deusa, venha aqui meu amorzinho - disse ele sorrindo e envolvendo Frieda em seus braços para beijá-la e continuar com o que eles faziam naquela cama.
Simultaneamente, padre Constantino pensava nos fatos estranhos e na conclusão contada por Ártemis e apesar disso parecer muito absurdo, ele resolveu, naquela noite, investigar por conta própria, porém achava que não daria muito resultado, pois George tinha ido embora e a casa onde ele morava estava vazia e talvez não houvesse uma pista que levasse a algum lugar.
Quando anoiteceu, Harold, um dos poucos estrangeiros da Irmandade, foi ao encontro do padre para que tratassem de um assunto relacionado com a reforma da igreja local, para que o pároco começasse a rezar missas católicas, porém, no caminho, topou com o padre, que andava tão rápido que quase derrubou o holandês com o esbarro.
- Me perdoe senhor Harold, não foi minha intenção bater no senhor, é que estou consideravelmente nervoso depois que eu soube de uma coisa da qual ninguém aqui vai gostar, uma possibilidade terrível diga-se - respondeu o padre apavorado mesmo que não tivesse muita certeza das palavras de Ártemis.
- Nossa, mas está realmente nervoso e pálido como nunca tinha o visto! Pode me contar o que ele te disse? - falou Harold acompanhando o padre.
Constantino contou o que Ártemis dissera e o holandês respondeu incrédulo:
- Winchester só pode estar louco ou algo semelhante, pois nós vimos muito sangue e tantos pedaços de roupa, que certamente Frieda deve ter sido “despedaçada” pela água!
- Mas será que vocês não se deixaram levar por uma ilusão? Afinal, nem sempre o que vemos é o que de fato ocorre - disse o padre.
- Olha padre, o senhor não deixa de ter razão, porém, nenhum vampiro escaparia com vida daquele fosso a não ser que tenha muita sorte, porém, nós logo teríamos pegado a infeliz se ela tivesse escapado - falou Harold usando sua capacidade de dedução.
- Acontece que há pessoas que são muito mais inteligentes do que pensamos, então elas podem escapar diante dos nossos olhos sem que percebamos - falou Constantino com sua sabedoria misturada de bruxo e padre.
Harold refletiu sobre o que o pároco dissera durante uns minutos enquanto eles andavam e falou em seguida com um tom apreensivo: - Você vai ao castelo e depois na casa do George comigo? Quem sabe lá pode haver algo que eu ou os outros não tenhamos notado, pois eu refleti sobre isso que o senhor falou.
O padre concordou com um sorriso calmante e um aceno de cabeça e junto com Harold, passaram na casa deste e pegaram dois cavalos para ir ao castelo, porém, primeiro foram a casa antes habitada por George.
Lá chegando, eles viram os móveis cobertos por panos e começaram a vasculhar tudo em busca de alguma pista, então, para que ambos pudessem ver melhor, o padre sacou a varinha do bolso da batina e disse: - Lumus - e a casa toda se iluminou de repente.
Harold tomou um pequeno susto e disse: - Vocês bruxos tem feitiços muito práticos, assim a vida fica muito mais facilitada em todos os aspectos.
- De que adianta a vida mais facilitada se nem sempre estamos felizes? - questionou o sábio padre bruxo com expressão de quem já sabia a resposta da pergunta.
- Sim, o senhor tem toda a razão, sem Deus a vida é muito difícil - respondeu Harold com um sorriso.
Depois daquela curta divagação, eles recomeçaram a vasculhar a casa quando, de repente, Constantino encontrou algo que parecia ser um embrulho e chamou Harold, que foi correndo em direção ao padre e perguntou, olhando espantado aquilo: - Quem seria louco de esquecer um embrulho desses?
- Só que isso não é um pacote qualquer, é endereçado para a Irmandade - respondeu o pároco abrindo o embrulho e se espantando junto com Harold ao ver o que havia nele.
- Santa Mãe de Deus, isto é um sapato feminino e ainda por cima com uma carta! Mas o que isso está fazendo aqui?! - exclamou o irmão espantado.
- Lendo a carta talvez saibamos o que isso significa, afinal, quem quer que tenha deixado isso aí não deixou por deixar, tinha algum objetivo em mente - respondeu Harold tentando conter o espanto.
Fazendo mais uma vez o feitiço de iluminação, o padre leu a carta junto com Harold:
“Caros senhores da Irmandade:
Se estiverem lendo esta carta, eu já estou morta ou com muita sorte e proteção de Deus Nosso Senhor, ainda viva, porém não sei se algum dia serei perdoada pelos meus grandes pecados de mentir e acobertar.
A verdade é que o senhor Witcherwell jamais esteve doente naquele dia da comemoração e nunca teve um criado em Viena, o maldito Tutchenko sempre viveu na floresta e a carta que o patrão mostrou foi forjada pelo próprio para que vocês pensassem que a viagem era para ver Lucrecia, quando na verdade esta viagem tem outro propósito, diga-se, terrível.
Chamarão-me mentirosa pelo que lerão agora, mas a vampira Frieda, irmã gêmea da senhorita Maria Gelhorn, não morreu, pelo contrário, está viva e teve noites de muito prazer infame na cama do patrão, digo isso porque vi tudo com meus olhos que a terra há de comer um dia e afirmo que foi a coisa mais terrível que testemunhei na vida. Porém, o pior de tudo isso foi ter sido obrigada a atrair um jovem com proposta de trabalho e entregá-lo a monstruosa sede de sangue dessa rameira vampira, cujo corpo foi jogado por George Witcherwell na parte mais distante da floresta.
Pelo amor de Nosso Senhor, me perdoem por não ter contado a verdade antes, mas tive medo que este amaldiçoado George Witcherwell tirasse minha tão jovem vida antes que eu tivesse ao menos a chance de tentar reparar meus grandes pecados.
O propósito desta ida para Viena é colocar todos na forca, usando como provas um diário por ele escrito e o diário do falecido líder Gustav Weil, por George pego das mãos da viúva deste, em um dia que o segui escondida para ver o que ele fazia com a desculpa de comprar verduras da senhora Günther.
Não sei explicar como aquela rameira escapou da morte certa, mas eu digo que ela é extremamente perigosa e capaz de tudo para ver os senhores com a corda no pescoço e balançando no cadafalso da forca, por favor, façam alguma coisa para evitar tamanha desgraça.
Atenciosamente, alguém que pode já estar morta, Sabine.”
- Pela Virgem Maria Mãe de Deus, como isso pôde ser possível se é que foi mesmo?! Não podemos acreditar a não ser que tenhamos provas mais concretas! - exclamou Harold ainda sem acreditar e horrorizado com a parte do assassinato de um jovem.
- Por favor, vamos manter a cabeça fria, ficar com ela quente não vai nos adiantar nada. Temos de ir ao castelo e, no caminho, você me conta o que aconteceu lá no dia da morte do Conde Karnstein e aí quem sabe, podemos chegar a uma conclusão de fato - falou o padre pondo as mãos nos ombros de Harold na tentativa de acalmá-lo.
- Não sei como você consegue acalmar alguém e ficar calmo em uma situação onde podemos estar a ponto de sermos condenados à morte - falou Harold surpreso com a calma do pároco bruxo.
- Como eu disse antes, manter a cabeça fria nesse tipo de situação sempre nos faz pensar melhor, ainda mais quando talvez tenhamos de tomar providências sérias - disse o religioso de modo calmo e suspirado.
- Meu Deus, nós então temos de passar na casa de Katy e Maria e avisar a elas sobre isso, afinal, estamos com o que possa ser um dos sapatos daquela porca chamada Frieda - falou o holandês pensativo.
- Não agora, primeiro vamos ao castelo colher pistas e depois falaremos com todos sobre isso, não podemos tirar conclusões precipitadas - afirmou o padre tão pensativo quanto o holandês.
Harold concordou sem dizer uma palavra enquanto junto com o pároco, pegava os cavalos para irem até o castelo e coletar as pistas necessárias para quem sabe, chegar a uma conclusão não muito boa.
Enquanto eles cavalgavam até o castelo, Harold contava ao padre o que acontecera no castelo no dia em que Frieda tinha “morrido”. Isso fez Constantino perguntar: - Vocês não foram até o lugar de onde vieram as manchas de sangue e os pedaços de roupa vermelhos?
- Não, não fomos, ficamos tão felizes com o fato de ela ter derretido no fosso de água corrente que nem nos demos ao trabalho de ir ver mais profundamente, só vendo essas evidências achamos que fosse o suficiente e comemoramos - respondeu Harold se lembrando do fato.
- Então vocês podem ter cometido um erro fatal, pois a probabilidade de Frieda não ter morrido uma segunda vez é infelizmente enorme, embora você não acredite, e isso pode pôr a Irmandade em perigo de ser condenada à morte pelos crimes de execução sumária sem autorização imperial - falou o padre com espanto, mas tentando permanecer calmo e logo dizendo: - Se George tem mesmo as provas necessárias para acusar vocês, ele pode conseguir o que mais deseja.
- Mas que motivos ele teria?! Nós nunca fizemos nada de mal para ele e nem lhe demos razões para nos odiar! - exclamou Harold em desespero.
- Alguma coisa deve ter acontecido para despertar esse ódio, afinal, George não fez isso sem ter motivo, além do mais, teremos de confirmar essa história do diário com dona Katy - disse Constantino calmamente e confortando a mente já perturbada do holandês.
Depois de um bom tempo indo colina acima, eles chegaram ao local e por vontade própria, Harold levou o pároco até o local de onde vieram as evidências da segunda morte de Frieda e deixou o padre analisando enquanto olhava a carta enviada por Sabine.
Nesse momento, o holandês leu novamente a carta e lembrou-se de como George entrara na Irmandade: este fora pego em atos devassos com uma camponesa e acabou sendo ameaçado de castração, além de ter sido chicoteado, o que deixou marcas para o resto da vida nas costas do britânico Witcherwell. Além disso, a irmã deste fora pega em devassidão e acabou sendo mergulhada em água extremamente fria, o que a fez ir morar em Viena depois pegar uma séria tuberculose, doença que a acometia há cinco anos.
Depois de muito refletir, Harold fora em direção ao padre para dizer a que conclusão chegara, porém, ao vê-lo em pé com uma expressão de incredulidade e ao mesmo tempo espanto com o que tinha visto no lugar em que estava, exclamou: - Padre Constantino, não me diga que é verdade, pelo amor de Deus, temos de estar enganados! - usando a sua capacidade dedutiva para traduzir as palavras que não queriam sair da boca do pároco.
Depois de um minuto quieto, Constantino respondeu: - O melhor é que você mesmo veja, porque eu não tenho palavras para o horror que descobri, por Deus, que sorte acompanha esta devassa do inferno, essa filha do Diabo?
- Por favor, padre, não me faça ouvir uma coisa dessas, já me bastou traduzir o que estava escrito nos seus olhos! - exclamou o irmão indo ao local apontado pelo pároco.
Ali chegando, olhou a moita e viu o que não queria: sangue seco nos espinhos e alguns pedaços de roupa ocultados pelas folhas, além do arbusto todo remexido como se tivesse sido pressionado para baixo, o que fez Harold gritar histericamente socando a vegetação: - Não pode ser meu Deus, não pode! Que pecado nós cometemos para merecer tamanho castigo?! Por que tanto ódio dele por nós?! O que fizemos de tão errado?! De onde vem a sorte dessa criatura do demônio?! Eu me sinto um idiota, um verdadeiro idiota!
Constantino tirou Harold de cima do arbusto e falou: - É melhor falarmos com Katy e Maria sobre isso e colocar curativo em tuas mãos, elas estão sangrando por causa dos espinhos.
- Por favor, padre Constantino, me responda por que isso aconteceu e como aconteceu?! O que será de nós agora?! - exclamou o holandês chorando e se agarrando sobre a batina do padre bruxo, deixando-a com marcas de sangue.
- Só Deus sabe, agora sou eu que não sei de mais nada - respondeu o pároco com espanto e abraçando o choroso irmão.
Os dois, totalmente desconsolados com as descobertas e levando as evidências encontradas, voltaram ao vilarejo para falar com as duas mulheres da família de Gustav Weil. Lá chegando, Harold perguntou com muita tristeza: - As prepararemos primeiro ou seremos diretos?
- Sermos diretos, é o melhor a fazer - respondeu o padre com desconsolo.
Enquanto seguiam até a casa de Katy, os dois foram abordados por um grupo de irmãos muito esbaforidos liderados por Lauzun, que exclamou com alívio e espanto: - Onde estiveram que passaram quase toda a noite fora?! Procuramos vocês como loucos, está a ponto de amanhecer o dia! E pelo amor de Deus Harold, o que houve contigo?! Tuas mãos estão quase em carne viva!
- Se vocês irem até a casa de dona Katy e chamar o resto da Irmandade, eu conto, porém, terão de se preparar, pois tenho péssimas notícias, mas, por favor, me deixem primeiro colocar curativos nas mãos machucadas do pobre Harold, que está em estado de choque - falou o padre indo com o desconsolado holandês ao salão da igreja.
- Ah meu Deus, onde eles foram e o que foram fazer? Eu espero que não seja nada relacionado com o mal, senão, não saberemos o que fazer - disse um dos irmãos do grupo ali presente.
- E se for?! Vamos novamente ao castelo e damos cabo dos monstros! - exclamou outro irmão que estava muito determinado a fazer o que fosse preciso.
- Eu receio que seja ainda pior - falou Ártemis Winchester de modo que as palavras quase não saíam de sua boca.
- O que pode ser pior do que isso?! - perguntou com espanto o irmão que usava lenço branco.
- Eu não tenho coragem de contar, eu deixo a palavra com o padre, ele saberá o que decidir depois disso - falou Winchester impressionado com o rumo que as coisas tinham tomado, pois ele sabia muito bem o motivo do desconsolo de Constantino e Harold.
Já dentro do salão, o pároco cuidava dos ferimentos de Harold enquanto este ainda chorava muito depois da desnorteante descoberta e consolava o coração sem paz do pobre homem, que se sentia um fracassado:
- Como eu fui capaz de permitir que aquele britânico desgraçado escapasse com o diário do Gustav e com aquela puta dos infernos?! Eu devia ter escutado Ártemis quando ele falou mal do George, eu devia ter percebido que Witcherwell era um biltre sem escrúpulos desde o início, pena que Gustav não tenha feito o mesmo antes, meu Deus, que horror, eu sou um incapaz, um completo fracasso! - exclamou aos prantos o irmão líder da Irmandade.
- Não diga isso Harold, você é um homem maravilhoso e a Irmandade aprende muito com a sua tolerância - falou Constantino colocando curativos nas mãos do holandês e dizendo logo em seguida: - Além do mais, as aparências enganam muito e todos nós erramos um dia.
Harold deu um sorriso e disse mais calmo: - Tomara que um dia o papa da Igreja Católica te canonize, pois você é um homem santo que sempre tem as palavras e gestos certos para deixar todos mais felizes, saiba, que a partir de agora, você é como um filho meu, além dos dois que já tenho - e abraçando o padre bruxo originário da Prússia.
Constantino sorriu e disse retribuindo o abraço: - Fique sabendo que você também é como meu pai agora e o será pelo resto das nossas vidas.
O irmão e o padre ficaram alguns minutos reunidos em um abraço paternal, quando foram interrompidos pela viúva Katherine Marianne Weil, Katy, que disse de forma determinante: - O senhor mandou nos chamar? Um dos irmãos foi correndo até minha casa e disse que o senhor precisava conversar comigo, com Maria e a Irmandade, então, eu e os outros queremos saber qual é o assunto de uma vez por todas.
- Sim dona Katy, eu direi, então, mande todos que estão aí fora entrar e sentar, que já subirei ao púlpito - falou o pároco bruxo.
Maria, acompanhada pelo futuro marido Anton, entrou à frente da Irmandade, que adentrou rapidamente o recinto para ouvir o que o padre tinha a dizer. Já sentados, Maria, Anton, Katy e os irmãos esperavam com expectativa Constantino falar enquanto este colocava em cima de onde estava um saco em que estavam as fatais evidências.
- Caríssimos, o assunto é muitíssimo grave e preciso que ouçam com atenção esta carta que será lida pelo irmão Harold, mas, por favor, entendam que isso está muito relacionado com o que está guardado aqui comigo - disse o pároco tirando de dentro de um saco as provas da terrível descoberta feita no castelo.
Harold leu devagar o papel e todos ouviram com atenção a leitura enquanto o padre colocava em cima do púlpito o que estava guardado no saco: os pedaços de roupa, vários espinhos com sangue já seco e o sapato pertencente a Frieda.
Quando a leitura terminou, todos estavam em caos verbal, falando ao mesmo tempo sem conseguir se entender, quando o padre fez um gesto para todos se calarem e chamou Maria e Katy ao altar, perguntando com o calçado na mão: - Reconhecem isto senhoras?
Maria, quase sem voz de susto, respondeu que sim enquanto Katy desmaiou com o que viu, sendo imediatamente acudida por alguns irmãos, que procuravam tentar acordá-la enquanto Anton subia ao altar para olhar mais de perto aquelas provas. Observou-as e disse com espanto: - Não é possível que um irmão tenha sido capaz de cometer um ato horrível desses e que aquela rameira maldita tenha ficado viva, não pode ser!
- Infelizmente é Anton, eu e Harold descobrimos quando nós fomos ao castelo investigar, eu sei que é horrível, mas essa é a situação, com tendência a piorar cada vez mais - falou o padre de modo calmo, tentando tranqüilizar o bruxo, mesmo que fosse impossível ficar tranqüilo em uma hora daquelas.
- Eu não disse que Harold é um tapado?! Se eu tivesse sido eleito líder, esta vadia e aquele biltre não tinham saído vivos daqui, nunca mesmo! - berrou Wolffenbüttel furioso.
Todos berraram que ele ficasse quieto, enquanto Clifford dizia: - O que você tem de enorme, tem de burro também, pois apesar de Frieda estar viva, foi por causa do Harold que pegamos todos os Karnsteins. Então, pegar esta aí é a coisa mais fácil, é só darmos um jeito de ir a Viena, cravar uma estaca nela e dar um tiro no meio das fuças de George! - deixando os irmãos exaltados.
- Se tivermos que fazer isso, que seja de forma que não sejamos pegos pela guarda imperial! - disse outro irmão, em seguida ficando quieto porque os outros diziam que Katy estava recuperando a consciência.
Recuperada do susto e consciente, Katy exclamou apavorada: - Como pode ser plausível algo assim?! Eu vi as gêmeas serem bem criadas por minha cunhada e agora vejo uma das minhas sobrinhas, Frieda, totalmente degenerada, virada em uma prostituta de luxo, porém, sendo a mais horrível delas no pior dos sentidos, além de uma assassina fria e sem escrúpulos! Pelo menos encontrem o corpo desse pobre menino e lhe dêem um enterro digno!
Todos ficaram sem saber o que fazer diante daquela inesperada situação, em que começava uma nova época para o vilarejo Karnstein e a Irmandade, que agora, começava a pagar por seus erros de justiça.
sexta-feira, 27 de março de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
Frieda, a Vampira - Volume 1: A nobreza despida (1814 - 1854) - Capítulo 3: Os últimos ajustes para uma viagem
De volta ao vilarejo, os irmãos, exceto George, reuniram-se na casa de Katy Weil para um jantar de comemoração pelo feito de ter extinguindo o mal que ainda restava no vilarejo, comendo uma deliciosa carne de porco feita pelas habilidosas mãos da viúva, além de terem sido amplamente ovacionados pelos camponeses que viram a fumaça saindo do infame castelo Karnstein.
- Estranho que George não tenha vindo, ele nunca perde uma comemoração - disse Wilhem cortando um pedaço da carne e colocando vinho em seu copo.
- Eu passei na casa dele para avisá-lo sobre o jantar e a criada me falou que ele passou o dia com febre e ficaria em casa hoje - falou Hufflepuff bebendo um pouco de vinho.
- Francamente eu acho que é mentira - disse Ártemis Winchester colocando sal em sua salada.
- Por favor, será que você pode parar com essas pendengas familiares pelo menos hoje? - perguntou Lauzun olhando Ártemis.
- E como posso sabendo que vocês confiam nesse devasso? Vocês não deviam depositar tanta confiança nele assim, tenho certeza de que um dia ainda vão me ouvir, ele jamais se redimiu de verdade, sempre foi um mentiroso safado assim como a corja familiar dele! - exclamou ele furioso e saindo da mesa.
A situação ficou muito desagradável devido à fúria de Ártemis, afinal todos ali sabiam que os Winchesters e os Witcherwells da Inglaterra eram inimigos desde tempos muito distantes, pois, segundo relatos de viajantes vindos de lá, a família de George sempre foi de assassinos, ladrões, golpistas, devassos e outros piores termos e a de Ártemis, de infinita bondade, justiça, lealdade e caridade.
- Nem sempre a família inteira é da mesma forma - disse Harold rompendo o silêncio.
- Como se isso entrasse na cabeça dura dele, ele odeia o George desde que ele chegou aqui - falou um dos irmãos devorando um pedaço do porco.
- Engraçado é que vocês nunca perguntaram o real motivo, não pode ser simplesmente uma pendenga familiar, alguma a coisa a mais tem por trás disso e eu não consigo usar Oclumência e menos ainda a telepatia para ler a mente do Ártemis porque ela é como um baú trancado com uma corrente, precisando da chave para abri-lo e a chave é perguntar - disse Anton dando uma opinião e se referindo ao feitiço usado para ler pensamentos e a um de seus diferentes poderes, que não era comum entre bruxos.
- Ninguém aqui pensou nisso antes, o bruxinho tem razão - falou Wilhem coçando a careca e tratando Anton como criança.
Todos ficaram especulando qual seria o motivo do grande ódio de Ártemis por George, afinal, o primeiro nunca tinha falado sobre isso e não fazia questão alguma de comentar o assunto, então, Anton resolveu procurar o irmão do lado de fora e matar sua curiosidade sobre aquilo: - Winchester, eu sei que não tenho direito de me meter na sua vida, mas por que você odeia tanto o George a ponto de ter dito aquilo na frente dos irmãos?
- Eu sei como sofreu com a perda da professora Ingrid, sua irmã mais velha, então vai entender o meu motivo: George matou meu irmão caçula há 10 anos em Berlim, numa briga de bar - disse Ártemis segurando as lágrimas e continuando: - O Albert se meteu a brigar para defender a servente da violência devassa desse desgraçado e no fim, tomou um tiro no peito, então você deve imaginar o que eu sofri porque você passou pelo mesmo.
Anton compreendeu e ficou profundamente triste, afinal, ele sabia o que era perder um ente querido assassinado e pensou consigo mesmo os piores desejos contra a alma corrompida de Frieda.
Enquanto isso, George arrumava suas malas depois de passar uma tarde toda com Frieda na cama comemorando plenamente o fato da primeira parte do sinistro plano ter dado certo.
- Deusa linda, eu estou quase terminando de arrumar nossas coisas para irmos embora - disse George sorrindo.
- Sim, sim, estou muito ansiosa para ver aqueles desgraçados balançando no cadafalso da forca! - exclamou Frieda alegre e em seguida fazendo um muxoxo: - Também queria ver o Anton enforcado, mas não há provas para acusá-lo!
George riu: - Ora querida, posso matar dois coelhos com um único tiro: mandar tanto a idiota Maria como o panaca do Anton para a forca, pois eles sabiam da Irmandade e nada fizeram contra, então, eles serão considerados cúmplices.
Frieda pediu um beijo exultando de felicidade e pensando ao mesmo tempo: - Vou me vingar de você Anton Hoffer, vai ver com quantos paus se faz uma jangada seu desgraçado, morrerá enforcado junto com a imbecil da Maria!
A jovem criada Sabine observava os dois se beijando e fazendo aquele horrível plano, ao mesmo tempo em que pensava como duas pessoas podiam ser tão falsas, cruéis e vingativas e o pior é que nada ela podia fazer de concreto, pelo menos não ainda, pois sabia do que o patrão era capaz.
Os irmãos conversavam e tomavam vinho comemorando o sucesso da empreitada no castelo, enquanto Anton e Maria namoravam à luz do luar na porta da casa de Katy, que olhava muito feliz o casal que logo oficializaria a união em uma linda cerimônia, porém, ela tinha de contar à Irmandade o segredo que envolvia as famílias Weil e Gelhorn.
Katy interrompeu o momento dos dois e disse: - Será que vocês se importam de vir comigo até a sala?
Maria e Anton sabiam qual era o assunto a ser tratado, pois ela contara sua história para seu amado logo depois do fim da tragédia que quase ceifou sua vida.
A viúva Weil levou o casal até a sala e disse: - Preciso lhes contar algo muito sério e importante.
Katy contou que Maria e Frieda eram filhas de bruxos de sangue puro, mas que Frieda tinha nascido sem poderes, portanto era aborta, e que seu marido falecido também era nascido em uma família de bruxos e era igual à sobrinha falecida no aspecto de não possuir dons mágicos.
Todos estavam espantados com aquela inesperada revelação e pediram a Katy maiores explicações. Ela as deu dizendo que Gustav fora criado pela parte normal da família por conta de ter ficado órfão muito cedo e que sua irmã mais nova fora levada para um colégio de bruxos porque eles não a quiseram devido ao fato de serem extremamente religiosos.
Ela contou também que Maria foi mandada à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde ela aprendeu tudo o que uma feiticeira deveria saber. Tudo às escondidas com o pretexto de colégio interno na Inglaterra devido às perseguições que os bruxos sofriam nos reinos da Península Itálica.
A Irmandade se espantou e Lauzun disse: - Acho que isso explica a personalidade impossível e má da falecida Frieda, ela morria de inveja da Maria por ela ter nascido com poderes.
- Infelizmente você está certo irmão - disse Ártemis pensando no que Katy tinha contado.
- Mas as duas tiveram a mesma educação, como é que isso foi possível? - perguntou Harold sem conseguir entender aquilo.
Maria rompeu seu silêncio, contando:
- Sempre fui a mais obediente de nós duas e acobertava as escapadelas de Frieda, que nunca gostou dos meus poderes e sabia como eu tinha medo de sermos descobertos, então ela se aproveitava de que eu não estava com minha varinha para me bater e eu sempre fugi, me deixando dominar por ela.
Klemens, com sua imensa curiosidade advinda de médico formado, perguntou: - Quais seus poderes além da bruxaria se é que existem?
- Estes - Maria respondeu se concentrando e criando uma pequena chama em uma das mãos, depois criando uma onda em um copo de água que estava sobre a mesa e depois perguntando para um grupo de irmãos espantados: - Alguém aqui se machucou durante a ida ou volta do castelo?
Um irmão loiro levantou a mão machucada por um espinho de planta e Maria logo foi até ele, pondo a mão sobre o machucado e em poucos segundos o local estava sem qualquer sinal de corte ou sangue.
- Você curou meu machucado! Por Deus Nosso Senhor, que dom mais abençoado você possui, jovem Maria! - exclamou o loiríssimo irmão Clifford abraçando a bela moça e completando: - Como pode tão divina e mágica criatura ter nascido com aquele demônio asqueroso?! Alguns bruxos foram simplesmente abençoados por Deus!
- Ninguém escolhe de quem ou com quem vai nascer, irmão Clifford - disse Maria, colocando em prática as duras lições que tinha aprendido passando por aquela trágica provação: o mundo não é um lugar perfeito, você não pode ser pura ou ingênua se não quiser ser pisada como um tapete, precisa ver malícia em certas coisas se não quisesse cair em determinadas armações, além de saber que não se podia amar e confiar em todos de forma incondicional, pois muitos simplesmente pisavam nas pessoas sem se importar.
Os irmãos mais conservadores ruminavam entre si, sem saber, pela primeira vez, que opinião ter sobre aquilo, pois apesar de terem visto Maria demonstrar poderes tão terrivelmente grandes e que até mesmo poderiam ser perigosos, o poder de cura dela era bonito demais para ser desperdiçado, fosse de que origem fosse, então, acharam melhor deixar as coisas como elas estavam até ali.
- Essa Frieda era uma legítima vagabunda cadela mesmo, mereceu o que o destino deu para ela! - exclamou Wolffenbüttel, ainda muito revoltado com os recentes fatos e mais ainda por saber do modo como ela tratava Maria e apontando a jovem: - Esta moça merece todo o nosso préstimo, não importa se somos conservadores ou liberais!
- Pelo amor de Deus, não use esses termos baixos na frente de todos! - disse Lauzun cutucando o gigante ruivo e dizendo: - Sim, realmente merece meu amigo gigante, você tem razão.
- Realmente Clifford, Maria é uma criaturinha lindamente abençoada - disse Harold em tom paternal, deixando Maria ruborizada.
De repente, foram ouvidas batidas na porta e Katy atendeu. Vendo Sabine, perguntou: - Boa noite senhorita, o que deseja?
- O senhor Witcherwell mandou avisar que vai viajar pela manhã - respondeu a moça.
- Como assim vai viajar?! Ele não deu nenhum aviso! - exclamou Harold com espanto.
- O criado da irmã tísica dele chegou de Viena pelo atalho da floresta e entregou uma carta para o meu patrão, ele precisa ir para a capital ver ela, que está morrendo, coitada - respondeu Sabine, fazendo exatamente o que George mandou: mentir.
- Vou até lá conferir de perto essa história - disse Harold, chamando mais três irmãos para irem com ele e em seguida dizendo:
- Fiquem por aqui, voltamos em alguns minutos.
Depois de andar bastante, Harold e seus acompanhantes chegaram à casa de George e o viram lendo, tristemente, uma carta.
- Lamentamos demais o que está acontecendo com você George, então, penso que é melhor que você vá ir ter com sua irmã - disse Harold consternado com a situação que via, sem imaginar que Frieda se escondia em uma parede falsa da casa.
George sorriu de volta em pura gratidão, absolutamente fingida: - Você está me dando o maior dos presentes, embora eu esteja indo viajar com profunda tristeza, pois deixá-los para mim é a mais dura das despedidas.
- Sua irmã, apesar de ter errado muito na vida, merece sua consideração e que você fique com ela nos últimos momentos, ainda que eu deseje muito mais anos de vida para ela - Harold disse com um sorriso e completou: - Agora vamos nos retirar irmãos, deixar George se preparando para sua viagem - saindo em seguida com os três que o acompanhavam.
Minutos depois George ria copiosamente: - Logo aquele sorriso idiota vai sair da cara daquele holandês e do resto daquela corja religiosa!
O musculoso inglês ouviu as palmas de Frieda e se virou, vendo-a sair gloriosamente da parede falsa de camisola rosa e transparente. Frieda se aproximou, o abraçou e começou a beijá-lo dizendo: - Você é um gênio, duvido que Karnstein fizesse algo melhor se estivesse vivo.
- Ora minha deusa se é para arruinar essa corja de bestas ignorantes e ficar com você, faço tudo o que estiver ao alcance da minha mente genial - disse George sorrindo e pegando Frieda no colo.
Já no quarto, eles protagonizaram pela última vez naquela casa uma cena quente de muito sexo com direito a tudo que podia acontecer entre quatro paredes.
Sabine ouvia os gemidos vindos do quarto deles enquanto o criado de George fazia os últimos ajustes na carruagem para partirem pela manhã, as coisas de Frieda devidamente escondidas em um fundo falso e as de George colocadas no bagageiro do veículo puxado por cavalos e os diários de George e Gustav postos em uma valise escondida em uma das quatro paredes falsas do transporte ao mesmo tempo em que, com um papel amarelado e usando um tinteiro roubado das coisas do patrão, redigia uma carta contando toda a verdade, mas fazendo-o quase às escuras para não despertar suspeitas.
Pela manhã o vilarejo acordou com o barulho da carruagem de George saindo e a Irmandade se despedindo dele e dos seus criados que partiam em direção à Viena, sem imaginar que seriam vítimas de um plano extremamente diabólico e que uma vampira estava escondida em uma das malas grandes levadas pelo inglês e que seriam salvos por uma criada francesa.
Tutchenko, o criado siberiano de George, conduzia a carroça com muita calma enquanto George ria vendo que seu plano ia indo melhor que ele esperava, enquanto Frieda, dentro de uma das malas, esperava o momento certo para sair dali, quando a viagem já estivesse três léguas do vilarejo.
Depois de algumas horas naquela estrada de chão batido no meio das paragens austríacas, Tutchenko parou e disse: - Já pode sair a patroa, senhor.
George desceu da carruagem e pediu ajuda aos criados para tirar a mala de trás do veículo dizendo: - Muito cuidado, as coisas dessa mala são valiosas, mas o que há de mais valor nela é minha deusa.
Os três tiraram a bagagem e abriram-na, vendo Frieda reclinada e luxuosamente vestida com um brilhante vestido azul claro com flores bordadas descendo pelo corpo e uma lustrosa capa preta, além dos lindos cabelos compridos presos em um penteado cuidadosamente feito pela criada, que na noite anterior tinha finalmente tramado algo concreto que poderia arruinar os planos do maldoso casal. Ela levantou-se e disse, arrumando o vestido e a capa:
- Você demorou muito meu amor, eu estava quase gritando dentro dessa mala desconfortável.
- Mas em compensação eu tenho um lindo presente para te dar - disse ele tirando uma caixa forrada em veludo azul escuro do bolso do casaco.
- O que é? - perguntou Frieda com os olhos brilhando.
George abriu a caixa e de dentro dela tirou um lindo colar de diamantes e pérolas que era de um valor altíssimo, uma herança de família deixada por sua mãe falecida. Colocando-o no pescoço da vampira, disse: - Uma jóia preciosa para a mais preciosa das jóias.
- Oh George, você é realmente um amor, não sei como vou retribuir tamanho mimo - disse Frieda de modo gracioso.
- Se você continuar me dando noites inesquecíveis de prazer, eu ficarei extremamente feliz - respondeu George agarrando Frieda pela cintura e olhando-a com desejo.
Frieda riu, dando um beijo em George e logo depois, acompanhou-o dentro da carruagem junto com a criada que em Viena lhe serviria de dama de companhia enquanto Tutchenko ficava no banco do condutor laçando os cavalos e seguindo viagem.
O plano cuidadosamente planejado e que vinha sendo perfeitamente executado tinha tido seus últimos ajustes e logo acabaria com a tranqüilidade da Irmandade.
- Estranho que George não tenha vindo, ele nunca perde uma comemoração - disse Wilhem cortando um pedaço da carne e colocando vinho em seu copo.
- Eu passei na casa dele para avisá-lo sobre o jantar e a criada me falou que ele passou o dia com febre e ficaria em casa hoje - falou Hufflepuff bebendo um pouco de vinho.
- Francamente eu acho que é mentira - disse Ártemis Winchester colocando sal em sua salada.
- Por favor, será que você pode parar com essas pendengas familiares pelo menos hoje? - perguntou Lauzun olhando Ártemis.
- E como posso sabendo que vocês confiam nesse devasso? Vocês não deviam depositar tanta confiança nele assim, tenho certeza de que um dia ainda vão me ouvir, ele jamais se redimiu de verdade, sempre foi um mentiroso safado assim como a corja familiar dele! - exclamou ele furioso e saindo da mesa.
A situação ficou muito desagradável devido à fúria de Ártemis, afinal todos ali sabiam que os Winchesters e os Witcherwells da Inglaterra eram inimigos desde tempos muito distantes, pois, segundo relatos de viajantes vindos de lá, a família de George sempre foi de assassinos, ladrões, golpistas, devassos e outros piores termos e a de Ártemis, de infinita bondade, justiça, lealdade e caridade.
- Nem sempre a família inteira é da mesma forma - disse Harold rompendo o silêncio.
- Como se isso entrasse na cabeça dura dele, ele odeia o George desde que ele chegou aqui - falou um dos irmãos devorando um pedaço do porco.
- Engraçado é que vocês nunca perguntaram o real motivo, não pode ser simplesmente uma pendenga familiar, alguma a coisa a mais tem por trás disso e eu não consigo usar Oclumência e menos ainda a telepatia para ler a mente do Ártemis porque ela é como um baú trancado com uma corrente, precisando da chave para abri-lo e a chave é perguntar - disse Anton dando uma opinião e se referindo ao feitiço usado para ler pensamentos e a um de seus diferentes poderes, que não era comum entre bruxos.
- Ninguém aqui pensou nisso antes, o bruxinho tem razão - falou Wilhem coçando a careca e tratando Anton como criança.
Todos ficaram especulando qual seria o motivo do grande ódio de Ártemis por George, afinal, o primeiro nunca tinha falado sobre isso e não fazia questão alguma de comentar o assunto, então, Anton resolveu procurar o irmão do lado de fora e matar sua curiosidade sobre aquilo: - Winchester, eu sei que não tenho direito de me meter na sua vida, mas por que você odeia tanto o George a ponto de ter dito aquilo na frente dos irmãos?
- Eu sei como sofreu com a perda da professora Ingrid, sua irmã mais velha, então vai entender o meu motivo: George matou meu irmão caçula há 10 anos em Berlim, numa briga de bar - disse Ártemis segurando as lágrimas e continuando: - O Albert se meteu a brigar para defender a servente da violência devassa desse desgraçado e no fim, tomou um tiro no peito, então você deve imaginar o que eu sofri porque você passou pelo mesmo.
Anton compreendeu e ficou profundamente triste, afinal, ele sabia o que era perder um ente querido assassinado e pensou consigo mesmo os piores desejos contra a alma corrompida de Frieda.
Enquanto isso, George arrumava suas malas depois de passar uma tarde toda com Frieda na cama comemorando plenamente o fato da primeira parte do sinistro plano ter dado certo.
- Deusa linda, eu estou quase terminando de arrumar nossas coisas para irmos embora - disse George sorrindo.
- Sim, sim, estou muito ansiosa para ver aqueles desgraçados balançando no cadafalso da forca! - exclamou Frieda alegre e em seguida fazendo um muxoxo: - Também queria ver o Anton enforcado, mas não há provas para acusá-lo!
George riu: - Ora querida, posso matar dois coelhos com um único tiro: mandar tanto a idiota Maria como o panaca do Anton para a forca, pois eles sabiam da Irmandade e nada fizeram contra, então, eles serão considerados cúmplices.
Frieda pediu um beijo exultando de felicidade e pensando ao mesmo tempo: - Vou me vingar de você Anton Hoffer, vai ver com quantos paus se faz uma jangada seu desgraçado, morrerá enforcado junto com a imbecil da Maria!
A jovem criada Sabine observava os dois se beijando e fazendo aquele horrível plano, ao mesmo tempo em que pensava como duas pessoas podiam ser tão falsas, cruéis e vingativas e o pior é que nada ela podia fazer de concreto, pelo menos não ainda, pois sabia do que o patrão era capaz.
Os irmãos conversavam e tomavam vinho comemorando o sucesso da empreitada no castelo, enquanto Anton e Maria namoravam à luz do luar na porta da casa de Katy, que olhava muito feliz o casal que logo oficializaria a união em uma linda cerimônia, porém, ela tinha de contar à Irmandade o segredo que envolvia as famílias Weil e Gelhorn.
Katy interrompeu o momento dos dois e disse: - Será que vocês se importam de vir comigo até a sala?
Maria e Anton sabiam qual era o assunto a ser tratado, pois ela contara sua história para seu amado logo depois do fim da tragédia que quase ceifou sua vida.
A viúva Weil levou o casal até a sala e disse: - Preciso lhes contar algo muito sério e importante.
Katy contou que Maria e Frieda eram filhas de bruxos de sangue puro, mas que Frieda tinha nascido sem poderes, portanto era aborta, e que seu marido falecido também era nascido em uma família de bruxos e era igual à sobrinha falecida no aspecto de não possuir dons mágicos.
Todos estavam espantados com aquela inesperada revelação e pediram a Katy maiores explicações. Ela as deu dizendo que Gustav fora criado pela parte normal da família por conta de ter ficado órfão muito cedo e que sua irmã mais nova fora levada para um colégio de bruxos porque eles não a quiseram devido ao fato de serem extremamente religiosos.
Ela contou também que Maria foi mandada à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde ela aprendeu tudo o que uma feiticeira deveria saber. Tudo às escondidas com o pretexto de colégio interno na Inglaterra devido às perseguições que os bruxos sofriam nos reinos da Península Itálica.
A Irmandade se espantou e Lauzun disse: - Acho que isso explica a personalidade impossível e má da falecida Frieda, ela morria de inveja da Maria por ela ter nascido com poderes.
- Infelizmente você está certo irmão - disse Ártemis pensando no que Katy tinha contado.
- Mas as duas tiveram a mesma educação, como é que isso foi possível? - perguntou Harold sem conseguir entender aquilo.
Maria rompeu seu silêncio, contando:
- Sempre fui a mais obediente de nós duas e acobertava as escapadelas de Frieda, que nunca gostou dos meus poderes e sabia como eu tinha medo de sermos descobertos, então ela se aproveitava de que eu não estava com minha varinha para me bater e eu sempre fugi, me deixando dominar por ela.
Klemens, com sua imensa curiosidade advinda de médico formado, perguntou: - Quais seus poderes além da bruxaria se é que existem?
- Estes - Maria respondeu se concentrando e criando uma pequena chama em uma das mãos, depois criando uma onda em um copo de água que estava sobre a mesa e depois perguntando para um grupo de irmãos espantados: - Alguém aqui se machucou durante a ida ou volta do castelo?
Um irmão loiro levantou a mão machucada por um espinho de planta e Maria logo foi até ele, pondo a mão sobre o machucado e em poucos segundos o local estava sem qualquer sinal de corte ou sangue.
- Você curou meu machucado! Por Deus Nosso Senhor, que dom mais abençoado você possui, jovem Maria! - exclamou o loiríssimo irmão Clifford abraçando a bela moça e completando: - Como pode tão divina e mágica criatura ter nascido com aquele demônio asqueroso?! Alguns bruxos foram simplesmente abençoados por Deus!
- Ninguém escolhe de quem ou com quem vai nascer, irmão Clifford - disse Maria, colocando em prática as duras lições que tinha aprendido passando por aquela trágica provação: o mundo não é um lugar perfeito, você não pode ser pura ou ingênua se não quiser ser pisada como um tapete, precisa ver malícia em certas coisas se não quisesse cair em determinadas armações, além de saber que não se podia amar e confiar em todos de forma incondicional, pois muitos simplesmente pisavam nas pessoas sem se importar.
Os irmãos mais conservadores ruminavam entre si, sem saber, pela primeira vez, que opinião ter sobre aquilo, pois apesar de terem visto Maria demonstrar poderes tão terrivelmente grandes e que até mesmo poderiam ser perigosos, o poder de cura dela era bonito demais para ser desperdiçado, fosse de que origem fosse, então, acharam melhor deixar as coisas como elas estavam até ali.
- Essa Frieda era uma legítima vagabunda cadela mesmo, mereceu o que o destino deu para ela! - exclamou Wolffenbüttel, ainda muito revoltado com os recentes fatos e mais ainda por saber do modo como ela tratava Maria e apontando a jovem: - Esta moça merece todo o nosso préstimo, não importa se somos conservadores ou liberais!
- Pelo amor de Deus, não use esses termos baixos na frente de todos! - disse Lauzun cutucando o gigante ruivo e dizendo: - Sim, realmente merece meu amigo gigante, você tem razão.
- Realmente Clifford, Maria é uma criaturinha lindamente abençoada - disse Harold em tom paternal, deixando Maria ruborizada.
De repente, foram ouvidas batidas na porta e Katy atendeu. Vendo Sabine, perguntou: - Boa noite senhorita, o que deseja?
- O senhor Witcherwell mandou avisar que vai viajar pela manhã - respondeu a moça.
- Como assim vai viajar?! Ele não deu nenhum aviso! - exclamou Harold com espanto.
- O criado da irmã tísica dele chegou de Viena pelo atalho da floresta e entregou uma carta para o meu patrão, ele precisa ir para a capital ver ela, que está morrendo, coitada - respondeu Sabine, fazendo exatamente o que George mandou: mentir.
- Vou até lá conferir de perto essa história - disse Harold, chamando mais três irmãos para irem com ele e em seguida dizendo:
- Fiquem por aqui, voltamos em alguns minutos.
Depois de andar bastante, Harold e seus acompanhantes chegaram à casa de George e o viram lendo, tristemente, uma carta.
- Lamentamos demais o que está acontecendo com você George, então, penso que é melhor que você vá ir ter com sua irmã - disse Harold consternado com a situação que via, sem imaginar que Frieda se escondia em uma parede falsa da casa.
George sorriu de volta em pura gratidão, absolutamente fingida: - Você está me dando o maior dos presentes, embora eu esteja indo viajar com profunda tristeza, pois deixá-los para mim é a mais dura das despedidas.
- Sua irmã, apesar de ter errado muito na vida, merece sua consideração e que você fique com ela nos últimos momentos, ainda que eu deseje muito mais anos de vida para ela - Harold disse com um sorriso e completou: - Agora vamos nos retirar irmãos, deixar George se preparando para sua viagem - saindo em seguida com os três que o acompanhavam.
Minutos depois George ria copiosamente: - Logo aquele sorriso idiota vai sair da cara daquele holandês e do resto daquela corja religiosa!
O musculoso inglês ouviu as palmas de Frieda e se virou, vendo-a sair gloriosamente da parede falsa de camisola rosa e transparente. Frieda se aproximou, o abraçou e começou a beijá-lo dizendo: - Você é um gênio, duvido que Karnstein fizesse algo melhor se estivesse vivo.
- Ora minha deusa se é para arruinar essa corja de bestas ignorantes e ficar com você, faço tudo o que estiver ao alcance da minha mente genial - disse George sorrindo e pegando Frieda no colo.
Já no quarto, eles protagonizaram pela última vez naquela casa uma cena quente de muito sexo com direito a tudo que podia acontecer entre quatro paredes.
Sabine ouvia os gemidos vindos do quarto deles enquanto o criado de George fazia os últimos ajustes na carruagem para partirem pela manhã, as coisas de Frieda devidamente escondidas em um fundo falso e as de George colocadas no bagageiro do veículo puxado por cavalos e os diários de George e Gustav postos em uma valise escondida em uma das quatro paredes falsas do transporte ao mesmo tempo em que, com um papel amarelado e usando um tinteiro roubado das coisas do patrão, redigia uma carta contando toda a verdade, mas fazendo-o quase às escuras para não despertar suspeitas.
Pela manhã o vilarejo acordou com o barulho da carruagem de George saindo e a Irmandade se despedindo dele e dos seus criados que partiam em direção à Viena, sem imaginar que seriam vítimas de um plano extremamente diabólico e que uma vampira estava escondida em uma das malas grandes levadas pelo inglês e que seriam salvos por uma criada francesa.
Tutchenko, o criado siberiano de George, conduzia a carroça com muita calma enquanto George ria vendo que seu plano ia indo melhor que ele esperava, enquanto Frieda, dentro de uma das malas, esperava o momento certo para sair dali, quando a viagem já estivesse três léguas do vilarejo.
Depois de algumas horas naquela estrada de chão batido no meio das paragens austríacas, Tutchenko parou e disse: - Já pode sair a patroa, senhor.
George desceu da carruagem e pediu ajuda aos criados para tirar a mala de trás do veículo dizendo: - Muito cuidado, as coisas dessa mala são valiosas, mas o que há de mais valor nela é minha deusa.
Os três tiraram a bagagem e abriram-na, vendo Frieda reclinada e luxuosamente vestida com um brilhante vestido azul claro com flores bordadas descendo pelo corpo e uma lustrosa capa preta, além dos lindos cabelos compridos presos em um penteado cuidadosamente feito pela criada, que na noite anterior tinha finalmente tramado algo concreto que poderia arruinar os planos do maldoso casal. Ela levantou-se e disse, arrumando o vestido e a capa:
- Você demorou muito meu amor, eu estava quase gritando dentro dessa mala desconfortável.
- Mas em compensação eu tenho um lindo presente para te dar - disse ele tirando uma caixa forrada em veludo azul escuro do bolso do casaco.
- O que é? - perguntou Frieda com os olhos brilhando.
George abriu a caixa e de dentro dela tirou um lindo colar de diamantes e pérolas que era de um valor altíssimo, uma herança de família deixada por sua mãe falecida. Colocando-o no pescoço da vampira, disse: - Uma jóia preciosa para a mais preciosa das jóias.
- Oh George, você é realmente um amor, não sei como vou retribuir tamanho mimo - disse Frieda de modo gracioso.
- Se você continuar me dando noites inesquecíveis de prazer, eu ficarei extremamente feliz - respondeu George agarrando Frieda pela cintura e olhando-a com desejo.
Frieda riu, dando um beijo em George e logo depois, acompanhou-o dentro da carruagem junto com a criada que em Viena lhe serviria de dama de companhia enquanto Tutchenko ficava no banco do condutor laçando os cavalos e seguindo viagem.
O plano cuidadosamente planejado e que vinha sendo perfeitamente executado tinha tido seus últimos ajustes e logo acabaria com a tranqüilidade da Irmandade.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Frieda, a Vampira - Volume 1: A nobreza despida (1814 - 1854) - Capítulo 2: Tramando um plano sórdido
Pela manhã, depois de uma noite de prazeres proibidos com sua amada vampira Frieda, George estava preocupado em esconder o corpo do jovem camponês e pensava: - Tenho de esconder em um lugar aonde ninguém vá!
Enquanto isso, Frieda tomava um delicioso banho de espuma na tina de madeira do quarto e Sabine fazia seu serviço de criada absolutamente quieta.
Logo o britânico se vestiu com o uniforme da Irmandade e pegou o corpo do jovem de dentro do armário, enrolando-o bem em um dos seus lençóis brancos para desová-lo no local mais distante que pudesse encontrar na floresta.
Saindo duas horas mais cedo que de costume, foi em direção à floresta por um atalho que se localizava atrás de sua casa e andou o mais distante possível que conseguiu, levando aproximadamente uma hora para chegar aonde queria: - Aqui está ótimo, afinal ninguém costuma ir nestes lados!
Enquanto isso, a Irmandade, Anton e Maria estavam chegando ao castelo, depois de horas de uma subida iniciada no vilarejo às quatro horas da manhã, quando Lauzun falou ao professor: - Engraçado como nunca reparamos que você é um feiticeiro, não tem jeito de ser um.
- Não tenho, mas sou. Existem dois lados para os bruxos: o bem ou as trevas e os Hoffer optaram pelo bem, o que despertou ódio em alguns bruxos das trevas que até hoje nos querem mortos - disse Anton relembrando a conversa que tinha tido com a Irmandade no dia anterior.
- Nós pensávamos antes que todos os bruxos eram seres ruins, porém se não fosse você, nós teríamos permitido a morte de Maria na fogueira e possibilitado a fuga daquele maldito conde com aquela porca, então concluímos que nem todos mexem com as trevas - falou Ártemis sorrindo e carregando sua espingarda.
- É verdade, embora tenhamos que apelar às trevas algumas vezes quando precisamos nos defender - disse Anton deixando alguns irmãos consideravelmente assustados e observando com uma luneta o mato à frente.
- Encontrou alguma coisa? - perguntou um irmão, ainda espantado com a resposta de Anton.
- Alguma coisa enrolada em um pano longo - respondeu Anton, apontando um ponto na floresta onde havia uma grande rocha.
Eles foram ao lugar onde Anton apontara e encontraram um cadáver feminino em estado considerável de putrefação.
Harold analisou o corpo e disse: - Ela tomou uma facada diretamente no peito, o conde perfurou bem aqui - apontando o peito do cadáver.
- Tem um detalhe que não entendi, não ainda embora você tenha explicado: como foi que o sangue dela foi parar no corpo da condessa Mircalla? - perguntou o irmão Lauzun.
- A cripta dos Karnsteins fica bem embaixo do altar onde provavelmente ela deve ter estado amarrada, o que se pode ver pelas marcas de corda nos pulsos - disse Harold apontando a parte da morta.
- Francamente Harold, você daria um grande investigador se não morasse aqui e, além do mais, como você conhece tão bem o castelo? - falou um irmão impressionado com a capacidade dedutiva do holandês Harold e tentando entender a conclusão dele, especialmente a parte do castelo.
- Agradeço. Irmão, eu fui lá por conta dos meus estudos de arquitetura quando eu era muito jovem, por isso conheço tão bem o local. Eu posso estar mais velho, mas minha memória ainda não falha - respondeu Harold, novamente explicando sua conclusão.
Todos se olharam em burburinho verbal, mas logo foram interrompidos por um irmão de nome Wilhelm, que falou de modo triste:
- Encontrei outro cadáver feminino, dessa vez escondida em umas moitas perto do barranco.
O lamento tomou conta de todos e eles foram até o lugar que o irmão apontava, encontrando a pobre camponesa Gerta em um também considerável estado de putrefação.
- Meu Deus, este cheira pior que o outro! Pelo menos a outra infeliz estava em um lençol, esta aqui foi deixada à própria sorte! - falou o irmão Lauzun pondo a mão no nariz.
- Fique quieto, se você não quer ajudar pelo menos não atrapalhe! - exclamou Wilhelm.
- Vamos parar de brigar e me ajudem a recolher o corpo - falou Ártemis calmamente em seguida continuando: - Vamos fazer o seguinte pessoal: metade de vocês volta ao vilarejo para encomendar os corpos e o resto fica para continuar rumo ao castelo, ainda falta caminho a ser andado. Também, procurem o senhor Witcherwell para que ele ajude vocês nesse detalhe.
Mas antes que o combinado fosse feito, Harold olhou o corpo de Greta e disse: - Parece que não foi apenas o conde que fez isso, alguém mais andou cravando os dentes nela, só que foi num local meio inusitado, o seio.
Todos se olharam, se perguntando quem poderia ter sido, quando Harold respondeu: - Quando alguém é corrompido por um vampiro, gosta principalmente do pecado carnal, seja ele com homem ou mulher e se não me engano, a única pessoa que poderia ter feito essa marca no seio de Gerta era Frieda.
Maria e Anton se olharam tristemente e os irmãos ficaram apavorados, mas nada disseram, fazendo o que tinha sido combinado ao mesmo tempo em que George, já em sua casa depois de passar na igreja e ver que não tinha ninguém, tinha acabado de escrever o sermão que seria dito na igreja na celebração do domingo enquanto Frieda dormia um pouco.
Depois de ficar alguns minutos descansando, George, em passos rápidos, subiu até seu quarto e mexendo em seu armário, encontrou o diário, onde relatava cuidadosamente cada jovem queimada pela Irmandade, e de repente, sua voz forte e grossa explodiu em uma risada alta e feliz:
- Enfim, tenho quase tudo o que preciso para finalmente me vingar de anos de repressão e humilhação por aquele bando desgraçado! Uma deusa, meu diário e mais uma coisa de que ainda preciso, o diário de Gustav, mas o pego facilmente passando uma conversa na bruxa da Katherine Marianne!
Chegando à casa de Katy alguns minutos após sair da sua, bateu afavelmente à porta e foi recebido por uma Katy ainda muito triste: - Olá senhor Witcherwell, como está?
- Estou ainda bastante triste com o falecimento de Gustav, mas aos poucos me recupero - respondeu George mentindo, pois na verdade estava muito feliz com a morte dele.
- Imagino, ele era um bom homem, não merecia ter morrido daquela maneira - disse ela chorando.
- Sim, sim minha senhora, verdade isso - disse ele com falsidade e pensando ao mesmo tempo: - Um bom homem?! Essa mulher só pode ser louca ou algo parecido!
- O que o senhor deseja com a visita?- perguntou Katy.
- Preciso do diário de seu marido. Eu sei que deve achar estranho que eu peça algo tão inesperado, mas é uma questão de vida ou morte, por favor, me ouça - disse George quase implorando.
- Meu Deus, o que pode ser tão terrível questão?! - perguntou Katy com espanto.
- Alguém pode querer este diário para colocar a Irmandade na forca, então eu preciso queimá-lo! - exclamou George mentindo.
- Mas porque alguém ia querer colocar eles na forca, por Deus! - exclamou Katy apavorada.
- O que você acha? Muita gente rica desta região não gosta de nós, então, usariam a influência para nos prender e matar - disse George, percebendo que seu plano recém planejado estava prestes a dar de cara uma grande guinada.
- Mas o único aristocrata daqui era o porco do Conde Karnstein, mas ele está morto, então, quem mais faria isso? - perguntou Katy com ar de desconfiança.
- Ele tem muitos amigos nobres que moram a alguns quilômetros daqui e como a senhora sabe, notícias ruins voam como vento, então, quando eles souberem da morte do conde, se é que já não sabem, a Irmandade ficará, ou já está, em péssimos lençóis - disse George com muita convicção, desejando mais que tudo pôr eles nessa situação.
- Mas como eles poderiam pegar o diário do meu marido comigo por perto? - perguntou Katy em dúvida.
- Mandariam os capangas invadirem sua casa depois de espionar por um tempo - respondeu George à queima roupa.
Katy ficou extremamente apavorada com aquilo e disse para George esperar uns minutos, pois procuraria o diário e entregaria a ele. George comemorou mentalmente o sucesso da primeira parte do plano, agora era inventar alguma coisa para conseguir partir para Viena com sua deusa Frieda, no caso sem que ninguém a percebesse.
Logo em seguida, Katy desceu com o diário e o entregou na mão do britânico dizendo quase implorando: - Por favor, queime esta coisa maldita antes que os problemas cheguem!
- Claro minha boa senhora, eu salvarei a vida dos irmãos - disse ele pondo a mão no cabelo de Katy e sorrindo com afabilidade.
Em seguida, George saiu com o diário escondido na roupa em direção à sua casa para concluir a primeira parte do sórdido plano. Ao chegar, viu Frieda sentada à mesa e perguntou: - Minha diabinha gostosa, já está acordada e me esperando há quanto tempo?
- A mais de uma hora, desde que você saiu - respondeu ela mostrando as pernas cruzadas debaixo da camisola branca e longa.
- Consegui algo que vai tirar a Irmandade do nosso caminho! - exclamou ele tirando o livro de capa dura preto da roupa e mostrando ele a Frieda.
Ela levantou-se, correu até ele, cobrindo-o de beijos e deixando sua camisola cair ao chão, demonstrando exatamente o que queria.
George se tornava um verdadeiro animal quando estava com ela na cama, Frieda conseguia deixá-lo nas nuvens, como ele nunca tinha ficado com mulher alguma antes dela, era totalmente apaixonado por aquela vampira que estava envolta no seu corpo e eles praticavam atos infames longe dos olhos da Irmandade e do resto do vilarejo.
Ao mesmo tempo, a Irmandade procurava os cadáveres da família Karnstein no castelo para atravessar estacas em seus corações e evitar que eles se levantassem de seus túmulos para causar terror, já que isso era a única coisa que eles sabiam fazer e gostavam.
Todos estavam com cruzes nos pescoços e com elas desenhadas nas costas das roupas com tinta, esta idéia sendo de Anton, para evitar que os vampiros os atacassem por trás casos houvesse mais deles ali, mas eles tinham certeza que só havia Mircalla por ali, mesmo assim, cuidavam-se para evitar problemas.
- Acho que encontrei a morta! - berrou Harold.
- Ninguém aqui é surdo seu besta! - exclamou Wilhelm que fazia sinal para eles descerem em direção onde Harold estava.
Ao chegarem à cripta, viram 10 espingardas apontadas na cabeça de Harold empunhadas por um bando cigano que guardava o local, ordenado pelo falecido conde Karnstein e que cumpriam ordens mesmo com patrão morto.
- Merda, eu não acredito que isso está acontecendo justamente na hora em que íamos conseguir! - exclamou Hufflepuff.
- Olha a palavra feia, ô cabeça de bagre! - exclamou um irmão cutucando Hufflepuff.
- Soltem as armas se não quiserem o amigo de vocês morto! - exclamou um deles apontando a arma na direção dos irmãos.
Com um movimento extremamente rápido, Anton sacou uma varinha mágica de pena dourada de fênix do bolso e exclamou na direção dos ciganos: - Petrificus Totalus!
Em menos de segundos, os ciganos estavam paralisados como pedras enquanto o irmão Harold tentava desfazer-se das amarras que o prendiam.
Dois foram ajudar o holandês enquanto os outros olhavam Hoffer absolutamente impressionados com o que tinham visto antes e Lauzun perguntou: - Como foi que você fez isso?!
- Foi o único modo que eu encontrei de evitar que eles nos impedissem de fazer o que queremos - disse Anton pedindo ajuda aos irmãos para desarmar os ciganos.
Todos lhe deram razão enquanto empunhavam as armas e pediam para Anton fazer os ciganos voltarem ao normal.
Ele fez o que lhe pediram: - Finite Incantatem! - e eles voltaram a se mexer, sendo obrigados a ficarem quietos se não quisessem levar um tiro e foram amarrados para que não pudessem atrapalhar as buscas da Irmandade pelo corpo da condessa Mircalla.
Logo eles seguiram a orientação do holandês Harold e foram para a esquerda, onde estava o ataúde de pedra em que jazia o corpo da infame vampira. Ao se aproximarem, viram que o corpo dela estava enrolado em um lençol de cetim que parecia ser bem mais novo do que a mortalha jogada ao lado e prepararam a estaca e o machado quando de repente, ouviram uma série de grunhidos.
Ao se virarem, viram um grupo de 10 criaturas vampíricas que pareciam ser os Karnsteins e ficaram apavorados, já que eles imaginavam só haver Mircalla no local; um deles perguntou: - Como vamos pegar toda essa gente?! Juntos eles têm a força de 1000 homens! - enquanto os vampiros se aproximavam com suas presas à mostra.
- Cubram os olhos porque esse feitiço é muito perigoso - disse Anton apontando a varinha mágica ainda em punho enquanto olhava fixamente as criaturas que chegavam perto em passos macios e delas se aproximava.
Todos fizeram o que ele pediu e de repente, ele deu um grito que ecoou pelos quatro cantos do castelo: - Avada Kedrava! - enquanto fazia um giro de quase meio círculo com a mão dois metros à frente dos irmãos.
Durante alguns minutos, um silêncio tomou conta de todos, os irmãos e Maria ainda com os olhos tapados e Anton suspirando depois de ter gritado o chamado “Feitiço do Assassinato”.
Ao destaparem os olhos, os irmãos ficaram apavorados ao ver metade dos vampiros, que antes eram belos e perigosos, virados em um amontoado de ossos e roupas pelo chão daquela grande cripta subterrânea, enquanto a outra não acreditava no que via e não se mexia.
Por um tempo, os grupos antagonistas se encararam até que um dos vampiros quis pular em cima de Anton e foi repelido pela cruz que o irmão Harold carregava: - Afaste-se dele seu demônio encarquilhado!
Um grito de dor foi ouvido por todos: a estaca empunhada por Klemens havia sido atravessada no corpo da condessa Mircalla, deixando os vampiros furiosos, que partiram para cima dos que estavam em sua frente e se queimaram com os símbolos sagrados ostentados pelos seis irmãos e Anton, sendo automaticamente cercados pela maioria do resto, que com muita habilidade os decapitaram sem dó nem piedade.
Reunindo os esqueletos, as cabeças, os corpos e a condessa Mircalla já decapitada, eles foram queimados em uma grande fogueira armada pela Irmandade, que depois de três horas e cinqüenta minutos espalhou as cinzas com o vento do fim de tarde, horas depois de uma incansável procura em favor do bem estar do vilarejo.
- Finalmente tudo acabou, achei que nunca mais fosse dormir em paz - disse Hufllepuff com grande alívio na voz.
- E muito disso se deve ao Anton, que nos poupou um considerável trabalho na hora de matar aqueles demônios - disse Wilhem dando um grande abraço no professor bruxo.
Todos comemoraram a pleno, cantando durante todo o trajeto de volta ao vilarejo: - Anton é um bom companheiro, Anton é um bom companheiro, ninguém pode negar, ninguém pode negar!
O bruxo, montado em um cavalo ao lado de sua amada Maria, por quem havia se apaixonado logo depois de toda a tragédia e a quem planejava pedir em casamento dali a uma semana, suspirava aliviado e muito feliz porque finalmente viveria em paz, porém sentia muitas saudades de sua irmã Ingrid, que tinha sido assassinada por Frieda.
Porém, ninguém ali imaginava que uma vampira e um membro da Irmandade planejavam uma sórdida, cruel e terrível vingança.
Enquanto isso, Frieda tomava um delicioso banho de espuma na tina de madeira do quarto e Sabine fazia seu serviço de criada absolutamente quieta.
Logo o britânico se vestiu com o uniforme da Irmandade e pegou o corpo do jovem de dentro do armário, enrolando-o bem em um dos seus lençóis brancos para desová-lo no local mais distante que pudesse encontrar na floresta.
Saindo duas horas mais cedo que de costume, foi em direção à floresta por um atalho que se localizava atrás de sua casa e andou o mais distante possível que conseguiu, levando aproximadamente uma hora para chegar aonde queria: - Aqui está ótimo, afinal ninguém costuma ir nestes lados!
Enquanto isso, a Irmandade, Anton e Maria estavam chegando ao castelo, depois de horas de uma subida iniciada no vilarejo às quatro horas da manhã, quando Lauzun falou ao professor: - Engraçado como nunca reparamos que você é um feiticeiro, não tem jeito de ser um.
- Não tenho, mas sou. Existem dois lados para os bruxos: o bem ou as trevas e os Hoffer optaram pelo bem, o que despertou ódio em alguns bruxos das trevas que até hoje nos querem mortos - disse Anton relembrando a conversa que tinha tido com a Irmandade no dia anterior.
- Nós pensávamos antes que todos os bruxos eram seres ruins, porém se não fosse você, nós teríamos permitido a morte de Maria na fogueira e possibilitado a fuga daquele maldito conde com aquela porca, então concluímos que nem todos mexem com as trevas - falou Ártemis sorrindo e carregando sua espingarda.
- É verdade, embora tenhamos que apelar às trevas algumas vezes quando precisamos nos defender - disse Anton deixando alguns irmãos consideravelmente assustados e observando com uma luneta o mato à frente.
- Encontrou alguma coisa? - perguntou um irmão, ainda espantado com a resposta de Anton.
- Alguma coisa enrolada em um pano longo - respondeu Anton, apontando um ponto na floresta onde havia uma grande rocha.
Eles foram ao lugar onde Anton apontara e encontraram um cadáver feminino em estado considerável de putrefação.
Harold analisou o corpo e disse: - Ela tomou uma facada diretamente no peito, o conde perfurou bem aqui - apontando o peito do cadáver.
- Tem um detalhe que não entendi, não ainda embora você tenha explicado: como foi que o sangue dela foi parar no corpo da condessa Mircalla? - perguntou o irmão Lauzun.
- A cripta dos Karnsteins fica bem embaixo do altar onde provavelmente ela deve ter estado amarrada, o que se pode ver pelas marcas de corda nos pulsos - disse Harold apontando a parte da morta.
- Francamente Harold, você daria um grande investigador se não morasse aqui e, além do mais, como você conhece tão bem o castelo? - falou um irmão impressionado com a capacidade dedutiva do holandês Harold e tentando entender a conclusão dele, especialmente a parte do castelo.
- Agradeço. Irmão, eu fui lá por conta dos meus estudos de arquitetura quando eu era muito jovem, por isso conheço tão bem o local. Eu posso estar mais velho, mas minha memória ainda não falha - respondeu Harold, novamente explicando sua conclusão.
Todos se olharam em burburinho verbal, mas logo foram interrompidos por um irmão de nome Wilhelm, que falou de modo triste:
- Encontrei outro cadáver feminino, dessa vez escondida em umas moitas perto do barranco.
O lamento tomou conta de todos e eles foram até o lugar que o irmão apontava, encontrando a pobre camponesa Gerta em um também considerável estado de putrefação.
- Meu Deus, este cheira pior que o outro! Pelo menos a outra infeliz estava em um lençol, esta aqui foi deixada à própria sorte! - falou o irmão Lauzun pondo a mão no nariz.
- Fique quieto, se você não quer ajudar pelo menos não atrapalhe! - exclamou Wilhelm.
- Vamos parar de brigar e me ajudem a recolher o corpo - falou Ártemis calmamente em seguida continuando: - Vamos fazer o seguinte pessoal: metade de vocês volta ao vilarejo para encomendar os corpos e o resto fica para continuar rumo ao castelo, ainda falta caminho a ser andado. Também, procurem o senhor Witcherwell para que ele ajude vocês nesse detalhe.
Mas antes que o combinado fosse feito, Harold olhou o corpo de Greta e disse: - Parece que não foi apenas o conde que fez isso, alguém mais andou cravando os dentes nela, só que foi num local meio inusitado, o seio.
Todos se olharam, se perguntando quem poderia ter sido, quando Harold respondeu: - Quando alguém é corrompido por um vampiro, gosta principalmente do pecado carnal, seja ele com homem ou mulher e se não me engano, a única pessoa que poderia ter feito essa marca no seio de Gerta era Frieda.
Maria e Anton se olharam tristemente e os irmãos ficaram apavorados, mas nada disseram, fazendo o que tinha sido combinado ao mesmo tempo em que George, já em sua casa depois de passar na igreja e ver que não tinha ninguém, tinha acabado de escrever o sermão que seria dito na igreja na celebração do domingo enquanto Frieda dormia um pouco.
Depois de ficar alguns minutos descansando, George, em passos rápidos, subiu até seu quarto e mexendo em seu armário, encontrou o diário, onde relatava cuidadosamente cada jovem queimada pela Irmandade, e de repente, sua voz forte e grossa explodiu em uma risada alta e feliz:
- Enfim, tenho quase tudo o que preciso para finalmente me vingar de anos de repressão e humilhação por aquele bando desgraçado! Uma deusa, meu diário e mais uma coisa de que ainda preciso, o diário de Gustav, mas o pego facilmente passando uma conversa na bruxa da Katherine Marianne!
Chegando à casa de Katy alguns minutos após sair da sua, bateu afavelmente à porta e foi recebido por uma Katy ainda muito triste: - Olá senhor Witcherwell, como está?
- Estou ainda bastante triste com o falecimento de Gustav, mas aos poucos me recupero - respondeu George mentindo, pois na verdade estava muito feliz com a morte dele.
- Imagino, ele era um bom homem, não merecia ter morrido daquela maneira - disse ela chorando.
- Sim, sim minha senhora, verdade isso - disse ele com falsidade e pensando ao mesmo tempo: - Um bom homem?! Essa mulher só pode ser louca ou algo parecido!
- O que o senhor deseja com a visita?- perguntou Katy.
- Preciso do diário de seu marido. Eu sei que deve achar estranho que eu peça algo tão inesperado, mas é uma questão de vida ou morte, por favor, me ouça - disse George quase implorando.
- Meu Deus, o que pode ser tão terrível questão?! - perguntou Katy com espanto.
- Alguém pode querer este diário para colocar a Irmandade na forca, então eu preciso queimá-lo! - exclamou George mentindo.
- Mas porque alguém ia querer colocar eles na forca, por Deus! - exclamou Katy apavorada.
- O que você acha? Muita gente rica desta região não gosta de nós, então, usariam a influência para nos prender e matar - disse George, percebendo que seu plano recém planejado estava prestes a dar de cara uma grande guinada.
- Mas o único aristocrata daqui era o porco do Conde Karnstein, mas ele está morto, então, quem mais faria isso? - perguntou Katy com ar de desconfiança.
- Ele tem muitos amigos nobres que moram a alguns quilômetros daqui e como a senhora sabe, notícias ruins voam como vento, então, quando eles souberem da morte do conde, se é que já não sabem, a Irmandade ficará, ou já está, em péssimos lençóis - disse George com muita convicção, desejando mais que tudo pôr eles nessa situação.
- Mas como eles poderiam pegar o diário do meu marido comigo por perto? - perguntou Katy em dúvida.
- Mandariam os capangas invadirem sua casa depois de espionar por um tempo - respondeu George à queima roupa.
Katy ficou extremamente apavorada com aquilo e disse para George esperar uns minutos, pois procuraria o diário e entregaria a ele. George comemorou mentalmente o sucesso da primeira parte do plano, agora era inventar alguma coisa para conseguir partir para Viena com sua deusa Frieda, no caso sem que ninguém a percebesse.
Logo em seguida, Katy desceu com o diário e o entregou na mão do britânico dizendo quase implorando: - Por favor, queime esta coisa maldita antes que os problemas cheguem!
- Claro minha boa senhora, eu salvarei a vida dos irmãos - disse ele pondo a mão no cabelo de Katy e sorrindo com afabilidade.
Em seguida, George saiu com o diário escondido na roupa em direção à sua casa para concluir a primeira parte do sórdido plano. Ao chegar, viu Frieda sentada à mesa e perguntou: - Minha diabinha gostosa, já está acordada e me esperando há quanto tempo?
- A mais de uma hora, desde que você saiu - respondeu ela mostrando as pernas cruzadas debaixo da camisola branca e longa.
- Consegui algo que vai tirar a Irmandade do nosso caminho! - exclamou ele tirando o livro de capa dura preto da roupa e mostrando ele a Frieda.
Ela levantou-se, correu até ele, cobrindo-o de beijos e deixando sua camisola cair ao chão, demonstrando exatamente o que queria.
George se tornava um verdadeiro animal quando estava com ela na cama, Frieda conseguia deixá-lo nas nuvens, como ele nunca tinha ficado com mulher alguma antes dela, era totalmente apaixonado por aquela vampira que estava envolta no seu corpo e eles praticavam atos infames longe dos olhos da Irmandade e do resto do vilarejo.
Ao mesmo tempo, a Irmandade procurava os cadáveres da família Karnstein no castelo para atravessar estacas em seus corações e evitar que eles se levantassem de seus túmulos para causar terror, já que isso era a única coisa que eles sabiam fazer e gostavam.
Todos estavam com cruzes nos pescoços e com elas desenhadas nas costas das roupas com tinta, esta idéia sendo de Anton, para evitar que os vampiros os atacassem por trás casos houvesse mais deles ali, mas eles tinham certeza que só havia Mircalla por ali, mesmo assim, cuidavam-se para evitar problemas.
- Acho que encontrei a morta! - berrou Harold.
- Ninguém aqui é surdo seu besta! - exclamou Wilhelm que fazia sinal para eles descerem em direção onde Harold estava.
Ao chegarem à cripta, viram 10 espingardas apontadas na cabeça de Harold empunhadas por um bando cigano que guardava o local, ordenado pelo falecido conde Karnstein e que cumpriam ordens mesmo com patrão morto.
- Merda, eu não acredito que isso está acontecendo justamente na hora em que íamos conseguir! - exclamou Hufflepuff.
- Olha a palavra feia, ô cabeça de bagre! - exclamou um irmão cutucando Hufflepuff.
- Soltem as armas se não quiserem o amigo de vocês morto! - exclamou um deles apontando a arma na direção dos irmãos.
Com um movimento extremamente rápido, Anton sacou uma varinha mágica de pena dourada de fênix do bolso e exclamou na direção dos ciganos: - Petrificus Totalus!
Em menos de segundos, os ciganos estavam paralisados como pedras enquanto o irmão Harold tentava desfazer-se das amarras que o prendiam.
Dois foram ajudar o holandês enquanto os outros olhavam Hoffer absolutamente impressionados com o que tinham visto antes e Lauzun perguntou: - Como foi que você fez isso?!
- Foi o único modo que eu encontrei de evitar que eles nos impedissem de fazer o que queremos - disse Anton pedindo ajuda aos irmãos para desarmar os ciganos.
Todos lhe deram razão enquanto empunhavam as armas e pediam para Anton fazer os ciganos voltarem ao normal.
Ele fez o que lhe pediram: - Finite Incantatem! - e eles voltaram a se mexer, sendo obrigados a ficarem quietos se não quisessem levar um tiro e foram amarrados para que não pudessem atrapalhar as buscas da Irmandade pelo corpo da condessa Mircalla.
Logo eles seguiram a orientação do holandês Harold e foram para a esquerda, onde estava o ataúde de pedra em que jazia o corpo da infame vampira. Ao se aproximarem, viram que o corpo dela estava enrolado em um lençol de cetim que parecia ser bem mais novo do que a mortalha jogada ao lado e prepararam a estaca e o machado quando de repente, ouviram uma série de grunhidos.
Ao se virarem, viram um grupo de 10 criaturas vampíricas que pareciam ser os Karnsteins e ficaram apavorados, já que eles imaginavam só haver Mircalla no local; um deles perguntou: - Como vamos pegar toda essa gente?! Juntos eles têm a força de 1000 homens! - enquanto os vampiros se aproximavam com suas presas à mostra.
- Cubram os olhos porque esse feitiço é muito perigoso - disse Anton apontando a varinha mágica ainda em punho enquanto olhava fixamente as criaturas que chegavam perto em passos macios e delas se aproximava.
Todos fizeram o que ele pediu e de repente, ele deu um grito que ecoou pelos quatro cantos do castelo: - Avada Kedrava! - enquanto fazia um giro de quase meio círculo com a mão dois metros à frente dos irmãos.
Durante alguns minutos, um silêncio tomou conta de todos, os irmãos e Maria ainda com os olhos tapados e Anton suspirando depois de ter gritado o chamado “Feitiço do Assassinato”.
Ao destaparem os olhos, os irmãos ficaram apavorados ao ver metade dos vampiros, que antes eram belos e perigosos, virados em um amontoado de ossos e roupas pelo chão daquela grande cripta subterrânea, enquanto a outra não acreditava no que via e não se mexia.
Por um tempo, os grupos antagonistas se encararam até que um dos vampiros quis pular em cima de Anton e foi repelido pela cruz que o irmão Harold carregava: - Afaste-se dele seu demônio encarquilhado!
Um grito de dor foi ouvido por todos: a estaca empunhada por Klemens havia sido atravessada no corpo da condessa Mircalla, deixando os vampiros furiosos, que partiram para cima dos que estavam em sua frente e se queimaram com os símbolos sagrados ostentados pelos seis irmãos e Anton, sendo automaticamente cercados pela maioria do resto, que com muita habilidade os decapitaram sem dó nem piedade.
Reunindo os esqueletos, as cabeças, os corpos e a condessa Mircalla já decapitada, eles foram queimados em uma grande fogueira armada pela Irmandade, que depois de três horas e cinqüenta minutos espalhou as cinzas com o vento do fim de tarde, horas depois de uma incansável procura em favor do bem estar do vilarejo.
- Finalmente tudo acabou, achei que nunca mais fosse dormir em paz - disse Hufllepuff com grande alívio na voz.
- E muito disso se deve ao Anton, que nos poupou um considerável trabalho na hora de matar aqueles demônios - disse Wilhem dando um grande abraço no professor bruxo.
Todos comemoraram a pleno, cantando durante todo o trajeto de volta ao vilarejo: - Anton é um bom companheiro, Anton é um bom companheiro, ninguém pode negar, ninguém pode negar!
O bruxo, montado em um cavalo ao lado de sua amada Maria, por quem havia se apaixonado logo depois de toda a tragédia e a quem planejava pedir em casamento dali a uma semana, suspirava aliviado e muito feliz porque finalmente viveria em paz, porém sentia muitas saudades de sua irmã Ingrid, que tinha sido assassinada por Frieda.
Porém, ninguém ali imaginava que uma vampira e um membro da Irmandade planejavam uma sórdida, cruel e terrível vingança.
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