quarta-feira, 22 de abril de 2009

Frieda, a Vampira - Volume 1: A nobreza despida (1814 - 1854) - Capítulo 8: Preparativos

Dia seguinte na vila bruxa-trouxa, a Irmandade, Anton, Maria e alguns bruxos liderados pelo padre Constantino, incluindo o ainda machucado bruxo advogado Dr. Christopher Raven e seu criado Bernard, estavam reunidos na pequena praça para formar a equipe que iria resgatar a família do advogado bruxo onde queria que ela estivesse.
O caos verbal estava presente quando Harold fez sinal para todos se calarem e disse: - Ontem procurei alguém que tivesse o dom da telepatia e encontrei este, Wilbur Dulroney, que mora no fim do vilarejo e me disse que irá ajudar nas buscas - apresentando um homem que aparentava ter pouco mais do que 65 anos e tinha a cabeça branca como a neve do inverno daquelas paragens.
- Digo com segurança que encontrarei a família do Dr. Raven esteja onde ela estiver - falou Wilbur sorrindo e disposto a ajudar.
Todos ficaram felizes sob os olhares esperançosos dos moradores, que se solidarizaram com a situação de Raven apesar de saberem que ele trouxera de volta o vampiro Karnstein.
Em seguida, o bruxo Dulroney se concentrou profundamente e ficou completamente imóvel durante vários minutos, deixando os irmãos e outras pessoas olhando curiosas para saber o que ia acontecer quando repentinamente, Wilbur abriu os olhos e disse:
- Encontrei o menino Arthur, ele está em Viena, na casa de um indivíduo chamado George Witcherwell e, além disso, o menino comunicou-me telepaticamente que o resto da família está presa em um lugar que ele não sabe.
- Até isso esse filho de uma meretriz teve coragem de fazer?! - exclamou Levine enfurecido com o ponto em que a maldade de George chegara.
- Meu Deus do céu, eu sempre soube que George era mau caráter, mas nunca imaginei que fosse capaz de deixar uma criança em cárcere privado acobertando um bruxo das trevas! - disse Ártemis Winchester com espanto e ali presente depois de dias ausente devido a uma forte gripe.
- Vindo dele pode se esperar tudo, eu não duvido até que Frieda já tenha mordido o desgraçado! - exclamou Klemens extremamente bravo.
- Mais do que nunca quero dar um tiro no peito daquele maldito! - gritou Harold disposto a se vingar do irmão traidor e dizendo em seguida: - Vire sua língua do avesso Klemens, três vampiros já é demais!
- Por Nossa Senhora, quem é esse homem que todos tanto odeiam?! - perguntou espantado Wilbur.
Lauzun tomou a palavra e contou tudo que acontecera até ali, o que deixou Dulroney ainda mais surpreso que antes: - Por luxúria, ódio e vingança, algumas pessoas cometem barbaridades que até o próprio Deus é capaz de duvidar.
Agora que sabiam onde estava o filho caçula de Raven, eles teriam de ir até Viena para resgatar o menino e o resto da família do bruxo das leis, porém Klemens falou com espanto: - Como vamos viajar para Viena nessa altura dos acontecimentos, já imaginaram se aquela prostituta ou aquele calhorda nos reconhecem?! Nós estaremos condenados, além do mais, uma viagem daqui até a capital do império demora pelo menos um mês ou mais!
- Ora, é para isso que usarei meus cavalos alados! - exclamou Wilbur com felicidade e em seguida dizendo: - Eles encurtarão nossa viagem em pelo menos três semanas, assim poderemos resgatar mais rápido a família do Dr. Raven e evitar que Frieda os delate ao Imperador!
- Foi Deus que permitiu que o senhor viesse com nossa caravana! - disse o padre Constantino com alegria.
- Ele não só me permitiu isso como me deu o privilégio de conviver com o bruxo mais santo desta terra! - retribuiu sorrindo Wilbur.
Todos comemoraram e muitos camponeses se ofereceram para fazer parte do grupo de resgate com suas armas e foices, porém Lauzun disse: - Vocês não devem se arriscar por nossa causa, pois fomos nós que causamos esse problema todo e somos nós que devemos resolvê-lo.
- Como assim problema?! O que fizemos foi para livrar nossa terra do mal! - exclamou Wolffenbüttel ouvindo aquilo.
- Em todos esses dias pensei no que fazíamos quando Gustav ainda era o líder e cheguei à conclusão que combatíamos o mal pelo lado errado, matamos as pessoas erradas e poderíamos ter evitado o que está acontecendo agora se não tivéssemos ouvido tanto o Weil - respondeu Lauzun com absoluta firmeza.
Vários companheiros do austríaco ficaram indignados, pois além de se sentirem insultados com aquelas palavras, não aceitavam aquela “invasão” de bruxos e menos ainda que os outros conservadores aceitassem de bom grado a liderança do liberal Harold, as mudanças que este colocara e o curto discurso de arrependimento de Lauzun, especialmente Wolffenbüttel, desejando estrangulá-lo.
Enquanto isso Karnstein comia o pão que o diabo amassou, preso e amarrado em uma cela mágica que deixava o poder dele enfraquecido ao mesmo tempo em que vários camponeses iam até a cadeia só para rir dele e humilhá-lo, se aproveitando da penosa condição em que ele se encontrava, sequer podendo dizer algo em sua defesa.
Na casa paroquial, a Irmandade, Anton Hoffer e o Padre Constantino reuniram-se com Wilbur, Raven e Bernard para acertar os últimos detalhes da viagem que serviria para resgatar a família raptada do advogado bruxo.
- Como disse àquela hora, uma viagem para Viena nessa altura dos fatos vai nos pôr em perigo! - disse Klemens querendo dissuadir todos da partida.
- É para isso que se usará a magia dos bruxos do bem, para evitar qualquer tipo de perigo e ainda por cima, encurtar nossa viagem - falou Harold rindo.
Klemens não teve como contra-argumentar enquanto Wilbur falou: - Além de usar meus cavalos alados, nós precisaremos de disfarces para evitar incômodos em Viena, pois como disse o irmão, George ou Frieda podem nos reconhecer, então temos de evitar ao máximo os problemas - e em seguida completou: - Também, temos um importante aliado em Viena, um Congresso que o Príncipe Von Metternich, assistente do Imperador, organizou para recolocar as famílias reais de volta em seus tronos, o que nos deixa em grande vantagem em relação ao George, pois o biltre não tem como falar com o Imperador.
Todos ficaram surpresos, até mesmo o padre e logo depois comemoraram, começando os preparativos da viagem sob os olhares dos camponeses que ficavam ouvindo atrás das portas para falar aos outros que tinham algo a mais para fazer.
Faltava um bom tempo para o casamento de Anton e Maria, que estavam mais felizes do que nunca e a bruxa mais que tudo queria se vingar da irmã gêmea Frieda por todos os apuros pelos quais havia passado por conta do péssimo caráter desta.
Na capital do Império Austríaco, Frieda tomava um delicioso chá com a cunhada Lucrecia contando sobre a inesperada chegada do Imperador perto dela dois dias atrás.
- Não posso crer nisso, realmente você tem muita sorte! - exclamou Lucrecia aos risos.
- E como tenho minha cunhada e dela usarei para conseguir tudo o que mais quero: ver a Maria, Anton e a Irmandade inteira na forca! - disse Frieda com muita maldade na voz e no olhar.
Lucrecia novamente riu enquanto o Marquês de Munchaünsen a olhava de sua casa, escutando espantado cada palavra que ela dizia: - Ah, esta mulher é um absoluto espetáculo de inteligência e beleza! Como pode existir mulher tão bela e ao mesmo tempo tão genial?!
- Perdoa minha interferência, senhor, mas ela pode ser uma criatura das trevas, pois não é possível que ela tenha conseguido deixar o Imperador tão louco assim, pois se o conheces bem, sabe que ele não é de se encantar facilmente pelas pessoas - falou o criado do nobre com certo espanto, porém completando com algo talvez óbvio demais: - Mas, a beleza nos cega realmente.
- Sabe que você pode ter razão, como não parei para ver isso antes? E se ela for mesmo isso que você diz, então eu preciso seduzi-la de qualquer jeito, afinal nela pode estar meu maior sonho: ser imortal! - exclamou feliz o marquês, cujo verdadeiro nome era Wenzel Von Hohenzollern, planejando durante uma hora um suntuoso jantar e depois subindo ao quarto para escrever um convite para George Witcherwell e a “esposa”, o que deixou o criado horrorizado.
Ao chegar ao seu quarto, depois de demorar a subir as escadas, ele se deparou com uma inesperada visão: a vampira Frieda Gelhorn deitada completamente desnuda em sua cama e as roupas desta cuidadosamente dobradas em uma cadeira ao lado.
- Não posso crer em meus olhos: você aqui, em minha cama! - exclamou Wenzel com espanto.
- Depois do que fez por mim dois dias atrás, era o mínimo que eu podia fazer para retribuir - disse ela rindo, se virando de bruços e roçando uma perna contra a outra em um gesto sensual.
- Você chama isso de mínimo?! É o máximo! - disse ele com absoluta alegria e se aproximando da vampira nua.
- Então tire a roupa e deite aqui comigo, me dê prazer - falou Frieda rindo e se virando de frente para ele, louca para ser possuída pelo belo marquês.
Ele despiu-se por inteiro rapidamente e deitou-se sobre o corpo dela, não poupando nenhuma parte dele de seu devasso desejo, lambendo, beijando e chupando sem parar um minuto sequer ao mesmo tempo em que ela não parava de gemer envolta nos braços dele. Além disso, permitia que ele lambesse seu corpo todo e fizesse o que bem entendesse.
- Continue - ria ela se virando de um lado para outro conforme ele ia, beijava, chupava e lambia.
- Oh Frieda, não sei como pôde ter vivido naquele fim de mundo do Vilarejo de Karnstein, é aqui seu lugar e como George já me disse, você é uma deusa, merece ser amada e adorada por todos, além de ganhar muitos presentes é claro - riu o nobre lambendo o pescoço dela e em seguida pegando em uma gaveta uma caixa repleta de jóias feitas em pérola.
O presente do riquíssimo nobre mostrava seu poder absoluto sobre os homens que dela se aproximavam e ela usaria aquele poder para completar sua vingança, mas também para ter ainda mais do que já tinha.
Eles continuavam com o sexo com tudo que tinha direito, até mesmo coisas mais devassas, ali, sem desconfiar que na casa de Frieda, Sabine, aproveitando a ausência de George, o descanso de Lucrecia e a saída de Tutchenko, arrumava suas coisas para ir embora dali para sempre e denunciar a Irmandade tudo o que a vampira planejava até mesmo o que ela fazia naquele momento no quarto do marquês, afinal ela sabia tudo o que a patroa fazia e dizia.
Logo que terminou de arrumá-las, Sabine saiu pela porta dos fundos e pulou o muro de trás da casa em direção à rua onde iria pegar carona com um mascate que vendia coisas por todos os lados até fora da cidade, em um matagal, onde ficaria escondida caso George fosse procurá-la. Andando pela rua, Sabine avistou Tutchenko e tratou de se esconder para que ele não a visse, afinal ela sabia que alguns dias atrás Frieda pediu que o criado a vigiasse, pois estava muito desconfiada.
- Que o Senhor me ajude neste momento! - orava Sabine com desespero querendo que o siberiano fosse logo embora.
Sabine teve de ficar parada quase meia hora e completamente quieta para que Tutchenko não percebesse que ela estava ali perto dele, mas isso em compensação fez a fuga dela dar completamente certo e logo ela chegar até o lugar onde estava o seu amigo mascate que iria lhe dar a tão desejada carona.
- Como demoraste moça, achei que tinha desistido! - exclamou o comerciante que logo em seguida disse: - Mas você sabe que posso levá-la apenas até quatro léguas daqui.
- Nunca desisto do que quero e além do mais, sei disso muito bem, não se preocupe - falou Sabine ansiosa.
O mascate conduziu a carroça pela rua durante duas horas até sair completamente da cidade e disse vendo a francesa nervosa:
- Fique calma Sabine, eles não têm como vir atrás de nós pelo caminho que usei, pois pouquíssimos conhecem este.
- É, mas vindo do George Witcherwell, da Frieda Gelhorn ou do Tutchenko, eu espero tudo - disse Sabine ansiosa.
- Sabine, acalme-se, nada de ruim irá acontecer conosco, Deus está nos guiando - falou o mascate calmamente e seguindo viagem.
No vilarejo que se tornava vila de bruxos e trouxas, Wilbur e o padre Constantino, na grande casa do irmão Levine, preparavam detalhadamente a viagem enquanto Harold, Lauzun e alguns de seus companheiros, incluindo Klemens e Wilhem, vestiam as roupas do disfarce que eles usariam em Viena, membros de um circo itinerante.
Ao mesmo tempo, Bernard e o advogado Christopher Raven se encarregavam de enjaular um enfraquecido Conde Karnstein.
- Só voltarei a sorrir no dia em que ver minha família outra vez e este infeliz com uma estaca atravessada no peito novamente! - exclamou Raven enquanto amarrava cordas mágicas nas mãos e pés do vampiro Karnstein para garantir que ele não fugiria.
- Penso o mesmo patrão - disse Bernard louco de vontade de dar um tiro no vampiro.
- Não vou me vestir de cigana, sou homem! - gritou Klemens não aceitando o traje feminino que Wilbur oferecia a ele.
- Deixe de conversa Klemens, isso é pelo bem do vilarejo e nosso, pense nisso, quando voltarmos, você será um herói e ninguém vai rir por ter se vestido de mulher, todos reconhecerão seu esforço para ajudar a evitar uma tragédia. Além disso, você é o mais magro de todos e isso ajuda muito no disfarce - disse o bruxo na tentativa de convencer o irmão, cujos cabelos ruivos, olhos verdes e rosto sem pelo algum misturado com os lábios finos o faziam quase parecer uma mulher.
O alemão deu uma bufada e disse extremamente furioso: - Se é pelo nosso bem e do vilarejo, eu me visto com esse traje horrível!
Todos estavam quase prontos enquanto Klemens começava a se vestir, ainda que não gostasse do conjunto que havia lhe sido dado: uma blusa de mangas folgadas branca, um colete preto com vinho e uma saia comprida vermelha, além de um par de botas marrons de cano comprido e uma peruca ruiva que compunham o disfarce.
Depois de prontos, todos esperavam Wilbur dar o próximo passo. De repente, o bruxo de 65 anos fez uma magia silenciosa e um traço colorido surgiu da varinha do bruxo, dando voltas em todos durante um minuto até que Wilbur disse: - Já podem olhar-se no espelho, porém não se reconhecerão.
Todos se enxergaram e espantaram-se com o que a magia era capaz de fazer com a aparência das pessoas, já que eles estavam completamente diferentes do que de fato eram e também, suas vozes estavam irreconhecíveis, o que facilitaria a circulação deles por Viena. Klemens, ao falar e ver que sua voz estava incrivelmente a de uma mulher, nem ousou comentar, mas praguejava mentalmente.
- Se eu não tivesse que cuidar da paróquia aqui e zelar para que os ainda mais conservadores que não concordam com o Harold e o Lauzun não façam bagunça, eu iria com vocês, então, que Deus os abençoe e acompanhe nessa viagem - falou o Padre Constantino sorrindo.
- Fique com Deus padre Constantino, saiba que nós todos adoramos o senhor e agradecemos a Ele todos os dias por você ter vindo para cá! - falou Harold em nome de todo o grupo ali presente, que concordava plenamente com as palavras do líder holandês.
Depois de se despedirem do padre, eles saíram pela porta dos fundos e viram Anton e Maria, devidamente disfarçados, esperando na carroça pronta com os cavalos, demonstrando que queriam ir junto e juntos.
- Esperem um pouco, vocês não podem viajar juntos, não casaram ainda - falou Lauzun colocando seu conservadorismo em prática.
- Queremos ajudar e não vamos desistir - disse Maria agarrada ao braço do noivo.
- Quero pessoalmente dar cabo de Frieda, ela quis me matar, agora eu vou matá-la, pela minha honra - disse Anton com firmeza, demonstrando que também tinha mudado: tornara-se muito mais irascível e não permitiria nunca mais que o pisassem ou enganassem.
Todos se olharam por alguns minutos e acabaram concordando, afinal, um homem que se prezava limpava a honra quando esta era manchada e Anton se sentia sujo por ter anteriormente se apaixonado pela vampira que agora odiava incondicionalmente.
Dulroney, já na carroça com o circo móvel de mentira junto com Harold, Lauzun, mais nove membros da Irmandade, todos arrependidos de atos passados, Christopher, Bernard, Maria e Anton, deu dois assovios e bateu palmas para que os cavalos alados batessem as asas e voassem com eles e as coisas que carregavam para a longa viagem.
De repente, os eqüinos alados levantaram o veículo do chão, deixando todos surpresos, alguns até com medo de caírem, sendo tranqüilizados por Harold: - Fiquem calmos. Wilbur disse que os cavalos comportam quanto peso for necessário.
- O inteligentíssimo holandês tem razão, pois eles são considerados as melhores criaturas mágicas de nosso mundo depois dos trestálios! - exclamou Wilbur feliz.
Todos ficaram mais calmos e seguiam o trajeto aéreo conversando, torcendo para que nada atrapalhasse a viagem, afinal ela seria decisiva para evitar duas tragédias ao mesmo tempo.
Prevenido, Wilbur cobrira o circo com um feitiço que deixava a diligência voadora invisível aos olhos dos viajantes que estavam no solo e agora, não havia mais problemas para com a viagem.
Em Viena, Frieda estava furiosa com a inesperada ida de sua criada Sabine e falava com Lucrecia: - Não posso acreditar que ela tenha ido embora dessa maneira, eu nunca lhe dei motivos para fazer algo semelhante, apesar de tudo sempre a paguei muito bem e é assim que ela me retribui?! Ingrata, é isso o que ela é!
- De repente ela resolveu voltar para a terra dela, afinal de contas eu sei que lá ela deixou pais e dois irmãos mais novos, quem sabe até ela até não tem um pretendente por lá - disse a irmã de George fazendo bordados.
- Não posso deixar de admitir que seja verdade, mas você acha que naquela porcaria de lugar há homem que preste? - falou Frieda com extremo desdém e frieza e em seguida dizendo aos suspiros: - O único homem macho daquelas paragens é o George, que trocou a sisudez da Irmandade por meus calorosos beijos e meu lindo corpo - e se vangloriando da própria beleza enquanto penteava os longos e lindos cabelos castanhos.
Lucrecia, vampira como a cunhada, concordava e pensava: - Eu quisera ter apenas um quinto da sua beleza, assim eu estaria com a minha vida garantida!
Frieda se contemplava no espelho, ainda que sua imagem não aparecesse: - Não posso acreditar que tenho uma irmã gêmea tão fraca, boba, idiota e medrosa, eu sim é que sou maravilhosa, pois sei me impor com classe e domino tudo à minha volta!
Wilbur viajou durante seis dias, só descendo a diligência voadora para ele e todos comerem e fazerem as necessidades, além de trocar o condutor para evitar um cansaço demasiado.
No último dia do trajeto, quando já estavam a apenas 20 quilômetros da capital do Império Austríaco, Wilbur desceu a diligência em uma mata fechada e falou a todos: - A partir daqui, seguiremos viagem no solo, já que não queremos suspeitas em cima de nós.
- Mas aí iremos demorar pelo menos mais uma semana para chegar! - exclamou Harold.
- Com esses cavalos, chegaremos à capital em quatro dias a partir daqui, novamente fazendo revezamento de condutores para ninguém ficar muito cansado - respondeu o bruxo fazendo um feitiço para ocultar as asas dos cavalos e em seguida dizendo:
- Quando quiserem parar o cavalo por algum motivo, dêem um leve puxão no laço que eles param imediatamente.
Todos concordaram, continuando o trajeto no solo como um simples circo itinerante de ciganos, com direito a animais, mulheres barbadas, domadores, anões, cartomantes, mágicos e tantas outras atrações que faziam muitos se impressionarem.
Mais quatro dias parando para comer e fazer necessidades, além de mudar os condutores três vezes ao dia, finalmente o falso circo chegara a Viena, deixando aquela parte da Irmandade que estava lá impressionada com a grandiosidade e ritmo da cidade, já que eles estavam acostumados demais com o modo calmo demais do vilarejo, embora este estivesse mudando ruidosamente.
De repente, eles foram pegos de surpresa por alguns guardas do Imperador, que perguntaram: - De onde vocês vêm e o que trazem?
- Nós somos o Gran Circo Zaratruska vindo de qualquer lugar e indo para onde Deus quiser! - exclamou Harold usando o sotaque estrangeiro que Wilbur lhe dera magicamente.
Os guardas riram e revistaram o circo, vendo que só havia pessoas e artefatos típicos de um lugar assim e disseram: - Estão livres para irem onde quiser, só procurem um campo aberto para colocar as instalações, já que aqui não poderão ficar.
- Onde há um lugar assim? Preciso de um onde tenha acesso à comida e eu possa alimentar meus animais, já que eu tenho várias bocas para alimentar - disse Harold disfarçado de dono do circo e apontando as pessoas que ali estavam.
- Sigam à frente e dobrem à direita, lá há um terreno vazio e perto existem lugares onde poderão comprar o que precisam - disse o guarda apontando o caminho.
Seguindo à frente com o falso circo, Harold e todos ali presentes esperavam ansiosos os momentos de se vingar do casal mais devasso de todo o Império Austríaco e agora que tinham chegado à Viena, poderiam concluir com chave de ouro seu plano de vingança.