quinta-feira, 14 de maio de 2009

Bloody Mary - Capítulo 1: Trabalho de Escola

Aquele deveria ser apenas mais um dia chato de aulas na escola onde eu estudava em San Diego, Califórnia, onde eu acordei incrivelmente mais cedo do que de costume para sair e comprar um presente para minha irmã Phoebe, que estava, voltando para casa de Phoenix, no Arizona, depois de se divorciar do marido, com quem ela foi casada por cinco anos e meio.
Realmente, esse dia não seria dos melhores, principalmente porque eu teria aula com a Senhora Potter, a professora de história que sugava nossa energia a cada aula, tamanha a exigência dela em relação à minha turma e principalmente a mim, a Piper, que todo mundo chamava de Pippa, e a Imoghen, mais conhecida como Imy, as garotas que sentavam comigo e minhas amigas desde que me lembro por gente.
Depois de comprar um vestido de verão verde água para Phoebe, eu segui direito para a escola, aonde cheguei atrasada porque perdi o ônibus do horário que normalmente eu pegava.
- Madeline! - ouvi a voz estridente e alta da professora Potter enquanto tentava entrar sem ser notada e conseqüentemente tomar uma advertência por atraso.
- A Phoebe, minha mana mais velha, está voltando do Arizona, então fui comprar um presente pra ela, só que quando saí da loja pra pegar meu ônibus, me dei conta que ele já tinha passado, por isso eu me atrasei - expliquei mostrando o pacote de presente vermelho com laço dourado, na tentativa da Senhora Potter não me dar uma bronca daquelas.
Mrs. Potter ficou olhando por um minuto e me respondeu: - Tudo bem Maddie, por hoje passa, afinal não é todo o dia que uma pessoa que gostamos volta depois de anos para casa, mas da próxima, você leva advertência, afinal é a segunda vez que a senhorita se atrasa para a minha aula.
Eu sentei danada da vida, querendo que a aula de história passasse voando e eu pudesse ir logo para o vestiário me vestir para a educação física, só que a professora, com aquela voz irritante, parecia fazer questão de deixar todo mundo totalmente sem entusiasmo para nada e, para a situação piorar ainda mais, resolveu nos dar um trabalho enorme para fazer durante a semana em que se comemorava o aniversário da cidade, quando todo mundo saía dois períodos mais cedo da aula.
- Alunos, como vocês devem saber, essa semana se comemora o aniversário da nossa adorada San Diego, então eu acho que seria uma boa chance de pedir a vocês que mostrem o que conhecem da nossa cidade de uma forma bem criativa e diferente, podendo pesquisar histórias de antigamente, fatos mais recentes, pessoas célebres e tantas outras opções de trabalho - disse Senhora Potter, completando que o trabalho devia ter dados de identificação e bibliografia, coisa que todo mundo sabia de cor, só que o conteúdo entre eles era quase uma monografia universitária devido à quantidade de coisas que ela pedia, que não cabiam em poucas folhas.
Então, logo de cara me sentei com a Pippa e a Imy, disposta a fazer o melhor, e preferencialmente o menor, trabalho que fosse possível, só que como nenhuma de nós queria fazer algo no lugar comum, praticamente não tínhamos idéia de que caminho tomar para não tomar uma bomba na nota de História ao mesmo tempo em que desejávamos que a Senhora Potter não tivesse nascido.
Quando a aula de História terminou, nos trocamos no vestiário próximo da sala e fomos para a educação física, onde mais uma vez a Pippa atraiu a atenção de todos garotos e do professor Romany por causa do curto do short e da camiseta baby look que deixava em destaque os enormes seios dela, que conseguiam a façanha de tapar meio gol na hora do futebol, onde ela era a goleira do time, enquanto eu e a Imy jogávamos vôlei e tomávamos algumas boladas porque não exatamente éramos grandes jogadoras.
Depois de cinqüenta minutos, a aula acabou e íamos para minha casa almoçar, como sempre fazíamos uma vez por semana, porém, antes que déssemos um passo fora da escola, fomos abordadas por Tracy Turnblad, da qual a maioria da turma fazia chacota por causa dos quilos a mais, não de gordura, mas de músculo, porque ela lutava boxe tailandês, que pelo que eu sabia da minha mãe contando sobre o tempo em que ficou no Canal Quatro KVWN, era um esporte que o comentarista esportivo da emissora praticava.
- Garotas, eu estou sem grupo pro trabalho, será que posso trabalhar com vocês? - ela perguntou dando aquele sorriso meio brejeiro que era típico das garotas do Texas.
Pippa, Imy e eu nos olhamos por um minuto e como simpatizávamos um bocado com a Tracy, concordamos, o que deixou ela feliz demais e nos dando inúmeros obrigadas durante todo o caminho até a minha casa, já que eu a convidei para almoçar com a gente.
Minha casa, o local mais movimentado de todo o bairro onde eu moro, já que minha mãe recebe visitas todo o santo dia, seja a das mulheres com quem ela toma chá no Clube de Tênis da cidade ou dos ativistas contra a segregação racial com quem o papai trabalha desde que a Phoebe nasceu e que eu me conheço por gente.
Tracy olhou impressionada a minha casa, comentando que mamãe tinha um gosto bem inusitado para decoração, me deixando louca de vergonha, já que a foto do âncora Ron Burgundy e sua equipe formada por mais três homens e uma loira tapava boa parte da parede da sala, porém, compreendi a razão do comentário dela quando uma lágrima saiu dos olhos dela olhando o loiro musculoso e de chapéu cowboy da foto, cujo nome era Champ Kind até onde eu sabia sobre aquele cartaz de gosto duvidoso.
- O que foi, pequena Tracy? - minha mãe Ronica perguntou ao ver que ela estava emocionada.
Foi quando meu pai Charlie, carregando as travessas do almoço, se meteu no meio da conversa, reconhecendo de cara a Tracy: - É a filha daquela sua companheira de chá, a Edna Turnblad! Caramba, mas essa menina é igual à Edna, só que mais forte e com franjinha! - e se referindo a franja que combinava direitinho com o corte de cabelo dela, um comprido moderno de cor escura.
Eu, a Imy e a Pippa ficamos nos olhando atônitas quando a Tracy, sorrindo, nos disse que era sobrinha de Champ Kind, que a mãe dela era irmã caçula dele, tendo 16 anos quando o comentarista esportivo do Canal Quatro sumiu em 1977.
- Sabe que até hoje essa história me intriga demais? - disse meu pai em tom de dúvida e completando em seguida: - Cadê aquele quinteto, que fim será que eles tiveram?
- Infelizmente isso ficou sem resolução até hoje, há quem acredite que eles foram assassinados, outros crêem que cada um seguiu seu rumo por lugares desconhecidos, outros acreditam que o Bloody Mary os engoliu e por aí vai - disse minha mãe como se aquela penúltima parte fizesse algum sentido, já que eu não acreditava em lendas urbanas, embora aquela fosse a mais famosa da cidade.
Foi quando a Pippa dirigiu a mim, a Imy e a Tracy aquele olhar abrilhantado de quem estava tendo uma idéia, porém, quando ela resolvia ter alguma, era sempre sinal de muitos problemas, pois não tinha sido apenas uma vez que eu e Imy tínhamos nos metido em encrenca por conta das idéias mirabolantes que ela vivia tendo e claro, tomado algumas bombas em trabalhos.
- Por favor, Pippa, outra das suas idéias malucas não! Você já nos meteu em problemas suficientes por conta da sua “criatividade”! - exclamei, já muito p da vida por conta da vergonha que passava devido a foto que mamãe tinha posto na sala à vista de todo mundo.
Mas a Pippa não desistia nem comigo furiosa: - Dessa vez eu prometo não meter ninguém em problemas, na verdade o nosso trabalho está bem naquela parede - ela disse isso apontando o cartaz que ocupava parte da parede da sala.
- Tá Pippa, Ron Burgundy e sua equipe de jornalismo, o que isso tem de tremendamente interessante? - disse a Imy quando conseguia ser o máximo de desagradável que podia.
- O tio Hooken conheceu todos eles, a mãe da lindinha da Tracy é irmã do Champ Kind e a dona Ronica trabalhou na sede do Canal Quatro por seis anos, além de que Burgundy foi o maior âncora que essa cidade teve nos anos 60 e 70, contando com uma equipe de apoio das boas, o que mais vocês querem? Se pesquisarmos nas fontes certas, o nosso trabalho vai ser o melhor que aquela professora magrelona e nariguda já viu! - exclamou a Pippa na maior alegria que ela irradiava quando conseguia que os peitos dela não quase pulassem fora do decote da blusa.
Franklin Hooken era o treinador do time de futebol americano da escola onde eu estudava e tio da Pippa, com quem ela tinha vindo morar por conta da casa dele ser apenas cinco quarteirões do colégio e pelo fato dela ter um amor platônico pelo tio, um cara enorme e forte que era uma flor de tão gentil apesar de se parecer com o antipático presidente da WWE, Mr. McMahon e, além disso, tinha 54 anos de idade, aparentando ser mais jovem que sua idade.
- Ah sim, o treinador do time de futebol, uma vez eu ouvi ele comentar com os meninos do time sobre o exemplo que o tio Champ gostava de dar às pessoas! - exclamou a Tracy, que pela expressão facial, tinha amado a idéia da Pippa para o nosso trabalho e em seguida disse surpresa: - Então o treinador Hooken é seu tio? Nossa!
Pippa sorriu suspirando: - Sim, o tio mais maravilhoso que uma sobrinha pode ter!
Imy pensou durante um minuto e meio e depois disse: - No fim acho que pode dar certo, não custa nada.
- Eu concordo já que todas concordam, além do mais, a idéia não é de toda ruim e eu sinceramente espero que nossa nota seja boa - falei enquanto tentava esconder que estava encantada com a beleza loura, européia e gélida de Champ Kind e o ruivo acobreado dos cabelos e o olhar incrivelmente sensual de Ron Burgundy, coisas nas quais eu não tinha reparado antes da Tracy “me acordar”.
As garotas repararam que eu não tirava os olhos do cartaz e me cutucaram, pois o papai já tinha ajudado a mamãe a servir o almoço e eles nos chamavam para sentar.
Sentamos e comemos a incrível lasanha de calabresa e frango feita pela mamãe ao mesmo tempo em que morríamos de rir das piadas do papai e nos emocionávamos com as histórias da mamãe.
Depois de mais ou menos uma hora, subimos correndo ao meu quarto para pesquisar mais no meu computador, de última geração e recentemente comprado pelo papai, sobre a equipe do Canal Quatro KVWN: Ron Burgundy, Charlie Antonius McKeller Kind (Champ Kind), Brick Tamland, Brian Petrarchus (Brian Fantana) e Veronica Corningstone, a única mulher da equipe, uma loira de cara muito séria, porém, incríveis olhos verdes que cintilavam.
Gargalhávamos no quarto lendo algumas das anedotas do grupo e algumas histórias envolvendo uma legítima guerra dos sexos no horário nobre ao vivo e a cores ao mesmo tempo em que outras nos comoviam ou nos indignavam, já que o machismo daquela época era um absoluto absurdo.
Salvamos todo o tipo de informação que pudemos até as três e tanto da tarde, quando a Pippa propôs que fizéssemos entrevistas com a minha mãe, a da Tracy e o tio dela, além de irmos à sede da emissora, já que estava tendo uma exposição homenageando a célebre equipe que era ainda considerada uma das grandes equipes de jornalismo da América, mesmo que os quatro homens fossem um bando de chauvinistas, coisa da qual a Tracy discordou quase aos berros no caso de Champ Kind, pois ela dizia que a mãe dela falava que ele era íntegro e dono de um bom coração.
Concordamos para não começar uma discussão, pois logo notamos que ela, apesar da cara de menina calma, tinha uma voz de trovão que só ouvindo se acreditava e ela ficava zangada com uma tremenda facilidade, o que não nos dava outra opção a não ser assentirmos e ficarmos quietas.
Tratamos logo de pegar documentos e bolsas, pois iríamos primeiro à exposição na sede do Canal Quatro, porque, naquela tarde, a mamãe tinha ido fazer terapia, o treinador Hooken estava com o time da escola e a mãe da Tracy estava trabalhando, então resolvemos ir, só que para chegarmos, pegamos um ônibus que estava completamente lotado e passamos a viagem toda em pé, passando pelas situações mais chatas possíveis: o cobrador de olho nos peitos da Pippa, eu tendo que agüentar o fedor de um bêbado praticamente colado em mim e a Imy sendo espremida pelo corpanzil de 65 kg, distribuídos em 1,70 m, da Tracy.
Chegamos depois de quase vinte minutos dentro daquele coletivo sufocado e calorento e quando entramos no prédio de trinta andares, nos identificamos para o porteiro:
- Madeline McCormack, “Maddie”.
- Piper Hooken, “Pippa”.
- Imoghen Forest Green, “Imy” - ela se identificou vermelha feito pimenta, pois odiava o nome que tinha, razão pela qual todo mundo a chamava de Imy.
- Tracy Turnblad - ela sorriu se identificando e dizendo que era filha da irmã de Champ Kind.
O porteiro ficou nos olhando durante vários minutos, depois tirou os olhos dos peitos da Pippa, sorriu para Tracy e perguntou a Imy: - Você por acaso é uma cherokee?
- Eu sou filha de um - respondeu ela ajeitando a tiara no cabelo preto e ondulado, cuja cor ela havia herdado do pai, um legítimo índio cherokee e a ondulação da mãe, uma mulher branca da Louisiana chamada Lucy.
Entramos sem dizer mais nada, só que o porteiro veio atrás de mim e perguntou, meio que me reconhecendo: - Você não é filha caçula da dona Ronica McCormack, ex-funcionária daqui?
- Sim, sou eu, por quê? - perguntei rindo levemente e meio que imaginando o motivo da resposta, já que mamãe ainda tinha muitos amigos no antigo emprego, inclusive o diretor da emissora, Ed Harken.
- Ela sempre vem visitar o senhor Harken e fala que você tem sido a responsável pela casa desde que ela ficou doente - sorriu o porteiro.
Escutando aquilo, senti um aperto no peito, já que infelizmente minha mãe sofria do mal de Parkinson fazia um ano e todo o dia ela fazia tratamento e terapia ocupacional para controlar os sintomas, mas ela tinha dado uma sorte danada porque a doença tinha sido descoberta no estágio inicial, o que facilitava muito as coisas, pois ela tinha apenas 52 anos, jovem demais para padecer daquilo.
Sorri e disse obrigada, indo rapidamente até as garotas, já impacientes com a minha demora na portaria, para o elevador que nos levaria ao terceiro andar, onde a exposição acontecia e tomava mais dois andares da emissora.
Ao chegarmos no terceiro andar, ficamos assustadas devido às tantas coisas pessoais de cada um que havia ali, mas o que realmente nos deixou assustadas de cara foi uma foto de Brick Tamland participando de um campeonato americano de fisiculturismo usando apenas uma sunga dourada e sem o célebre óculos fundo de garrafa que o deixava com cara de paspalhão.
O rosto meio amorenado da Imy ficou vermelho igual uma pimenta, a Pippa deu um sorriso malicioso seguido de uma mordidela no lábio inferior, a Tracy virou o rosto para um lado e eu não conseguia segurar as risadas, porque a mistura de duas coisas tão incrivelmente opostas era bizarra.
- As senhoritas querem ver o que primeiro? - uma voz muito conhecida da minha audição ecoou na sala.
- Senhor Harken! - exclamei feliz da vida ao revê-lo depois que ele foi parar no hospital depois de um acidente doméstico.
- Madeline Smith! - exclamou ele vindo me abraçar e me chamando, apenas de pirraça e rindo, pelo apelido que os mais velhos que me conheciam tinham me posto por me acharem parecida com uma atriz e modelo da década de 70 que tinha feito alguns filmes da produtora inglesa Hammer e um filme do James Bond, sendo por isso que o time de futebol da escola me chamava de “Miss Caruso”, apelido que eu odiava.
As outras garotas riram enquanto eu o abraçava muito feliz e explicava o porquê da nossa ida ali e ele nos respondeu sorrindo:
- Fiquem felizes porque eu serei o guia de vocês nessa exposição! - disse ele muito feliz porque os organizadores da exposição tinham concordado que os visitantes deviam vir em grupos com hora marcada para evitar bagunça ou desordem, afinal ali tinha tantos objetos que era impossível andar ali sem bater em nada se estivesse lotado.
- Senhor Harken, será que tem como eu tirar uma cópia daquela foto maravilhosa do Brick Tamland? - perguntou a Pippa apontando a foto que tinha nos impressionado quando chegamos e nos matando de vergonha, especialmente a Tracy, que ainda estava vermelhona.
- Mocinha, eu não tenho como tirar uma cópia daquela foto, mas acho que posso permitir que tire uma foto com seu celular ou uma digital caso você tenha alguma das duas - disse Harken, pego de surpresa pelo inesperado pedido da Pippa.
Imediatamente, a Pippa tirou da bolsa uma máquina digital e a posicionou de modo que ela pegasse a foto inteira e deu um flash seguido de um gritinho agudo, o que fez a Tracy perguntar: - A Pippa é assim mesmo?
Imy respondeu antes que eu dissesse alguma coisa: - É Tracy, ela é chegadona em um cara musculoso.
Olhei e assenti enquanto eu pensava no que a Tracy pensaria da gente depois daquela, dando graças a Deus que não tivesse mais ninguém ali além de nós, senão o vexame seria maior ainda do que já era, mas no fim, ela aparentemente nem se importou muito com a conduta escandalosa da Pippa e sorria enquanto via as coisas pessoais de seu tio expostas ali, incluindo uma foto dele com a mãe dela, datada de 1976, um ano antes do desaparecimento dele.
Foi quando Harken viu a tal foto que Tracy olhava e a olhou melhor, ficando impressionado e mudo com a semelhança de Tracy com Edna, em seguida perguntando: - Por acaso você é da família Kind?
- Eu sou a filha de Edna Kind, meu nome é Tracy Turnblad - ela disse estendendo a mão para apertar a de Ed Harken e sorrindo.
O coração de Harken deu um pulo de tão impressionado que ele ficou com a semelhança de Tracy com a mãe, uma era o retrato da outra: - Meu Deus, se o Champ estivesse aqui, ficaria impressionado de como você e Edna se parecem!
- Obrigada, senhor Harken - disse Tracy sorrindo.
Durante o diálogo entre a Tracy e o Harken, eu notei que a porta de emergência do andar se fechou bruscamente e corri até lá com a certeza de que tinha alguém ali, mas quando abri novamente a porta, não havia viva alma, então pensei que podia ser o vento, porém, nas minhas narinas entrou um perfume muito estranho, uma mistura de água de lavanda com champanhe e existia o fato de que uma corrente de ar não fecharia uma porta daquele tamanho no terceiro andar de um prédio.
Fiquei muito assustada e fui rapidamente contar ao Harken o que tinha acontecido e ele imediatamente chamou a segurança do prédio para que eles vasculhassem, através do circuito interno de tv, o local todo em busca de algum invasor, porém, vasculhando todos os andares, inclusive as saídas de emergência, não acharam ninguém suspeito, sequer uma sombra.
O meu coração pulou no peito depois disso, me deixando um monte de dúvidas, inclusive de que podia haver alguma assombração naquele lugar, porém, logo espantei essa idéia, afinal de contas fantasmas eram coisas de mitologia e filme de terror.
Passado o susto, começamos a andar pela exposição guiadas por Harken, que nos mostrava os mais variados objetos de cada membro da equipe, inclusive um conjunto de sutiã e calcinha cravejados de brilhantes que pertencera a Veronica Corningstone.
- Nossa, olha o tamanho desse sutiã, os peitos dela deviam ser enormes, não é tio? - perguntou a Pippa com espanto quando viu que o sutiã era 44.
- Acho difícil alguma mulher nesse país ter os seios do tamanho dos seus Pippa, nem a Dolly Parton, com todo o silicone que ela tem, conseguiu superar a sua marca! - falou a Imy rindo muito.
- Às vezes eu odeio ter peitos tão grandes, porque comprar blusas e vestidos, na maior parte das vezes, é a missão mais impossível que eu tenho, pois nenhuma me serve e quase sempre eu tenho que ir às lojas de tamanhos de gente gorda! - disse Pippa p da vida.
Harken, rindo um pouco, disse, naquele tom paternal que caracterizava o jeito de conversar dele: - Cada um convive com o que Deus deu, Imoghen, então, ninguém devia fazer comentários como os seus e Pippa, ser gordo não é crime, portanto não fale dessa forma.
A Imy e a Pippa ficaram tão vermelhas que eu achei que elas soltariam fumaça pelos ouvidos ao mesmo tempo em que eu, Tracy e Harken dávamos gargalhadas da reação delas.
Depois de alguns minutos apenas olhando objetos pessoais e fotos de bastidores, nós quatro paramos diante de quatro fotos grandes de cada um dos cinco membros da equipe, fotos realmente lindas, mas a mais de todas elas certamente era de Ron Burgundy, que de “O âncora - A lenda de Ron Burgundy”, filme humorístico de 2004, para a vida real, tinha uma diferença berrante: o Ron da vida real era alguns milhões de anos luz mais bonito que Will Ferrell, o intérprete dele no filme.
Porém, o estilo de se vestir era absolutamente igual e eu até me atrevi a compará-lo a Edward Cullen, da série Twilight, em relação à blusa de gola rulê e calças jeans que Ron vestia na foto, porém o que realmente me chamava atenção era o ruivo escuro e acobreado dos cabelos, os bigodes tão mais finos, bonitos e curtos dele que tinham contraste com o azul claro dos olhos, o que fez meu coração pular no peito de tão encantada que fiquei.
Mas sinceramente, não podia negar que o Champ Kind da vida real era realmente e também alguns milhões de anos luz mais bonito que David Koechner, que o tinha interpretado no filme que citei, pois o da foto era um loiro de olhos verdes e traços incrivelmente perfeitos advindos da ascendência dinamarquesa dele, segundo o que Harken tinha contado enquanto falava das vidas de todos.
Outra coisa que nos impressionou foram as semelhanças faciais de Brian, Brick e Veronica com seus intérpretes do filme, porém as diferenças físicas berravam visualmente: enquanto Veronica tinha cabelos mais longos e loiros, além quadril e seios maiores e mais redondos que os de Christina Applegate, Brian tinha cabelos um pouco mais curtos e um bigode mais curto e fino, além de corpo de um legítimo lutador, bem bronzeado de sol, muito diferente de Paul Rudd e Brick era bem mais alto e musculoso que Steve Carell, como se algum metido a Dr. Frankenstein tivesse colocado a cabeça do “Virgem de 40 Anos” no corpo do “Incrível Hulk” da televisão.
- Juro, se eu encontro um exemplar desses na rua, eu agarro e não solto mais! - falou a Pippa sorrindo de orelha a orelha.
- Pippa, não precisa demonstrar novamente que adora um par de bíceps! - falou a Tracy muito brava, mostrando que já não estava gostando nadinha do comportamento escandaloso da Pippa, pois, desde a hora em que tínhamos chegado, ela não parava de elogiar Brick e fazer comentários um tanto indecorosos, deixando Harken em uma mistura de cores faciais.
Imy nada disse enquanto Harken falou com aquela eterna calmaria: - Não precisam começar uma discussão por causa dos gostos masculinos de vocês, porque esse tipo de coisa não se discute, Tracy.
- Mas depois falam dela e ela não gosta, só não quero que fiquem dizendo que ela é promíscua - respondeu a Tracy, se referindo ao fato de que as líderes de torcida diziam isso aos quatro ventos, coisa que eu odiava mortalmente e que me deixava com vontade de eliminar a Amber Von Tussle, responsável por iniciar toda a fofoca e líder da torcida do time de futebol.
O sorriso da Pippa se desfez em fração de segundo, fazendo ela apertar a câmera contra a mão e na certa praguejar mentalmente contra a nojenta da Amber, mas, como sempre, a voz calma e paternal do Harken eliminou a tensão: - Se você não é assim Pippa, não há com o que se preocupar, simplesmente ignore esses comentários.
- O senhor é uma graça! - sorriu a Pippa novamente enquanto o diretor da emissora nos conduzia ao quarto andar através das escadas.
Eu tinha que admitir, não me admirava da mamãe gostar tanto de Edward Harken, porque ele realmente era uma pessoa admirável e profundamente paternal, cuja voz repleta da calmaria sábia dos mais de 70 anos vividos acalmava todas as tensões e aparência de vovô de história infantil, mesmo que de gravata, nos fazia simpatizar com ele imediatamente.
Durante a subida, conversávamos sobre a equipe, quando o mesmo cheiro que eu havia sentido ao olhar a saída de emergência invadiu as narinas de todo mundo, deixando Harken com o coração aos pulos.
- Santo Deus, esse perfume é, é, é... do Champ! - exclamou ele branco feito papel e com a respiração extremamente ofegante.
Eu, Pippa e Tracy o acudimos enquanto Imy congelou na escada sem imaginarmos o motivo.
- Dá pra você vir nos ajudar Imoghen? - perguntei chamando-a pelo nome, pois era a única coisa que a “descongelava” quando ela ficava dura igual pedra.
Como resposta recebemos um grito de pânico, quando a Imy por pouco não rolou escada abaixo depois de um pulo para trás.
- Menina, pelo amor de Deus! - exclamou Harken indo acudi-la mesmo estando ainda com o coração disparando.
Imy apontava um canto no teto altíssimo balbuciando palavras incompreensíveis, mas logo ela gritou em alto e bom som, apavorada como nunca a tínhamos visto: - Um par de pontos roxos brilhavam, pareciam olhos nos observando!
Nos perguntávamos como assim olhos nos observando enquanto Harken olhava atentamente o canto que ela apontava e não via nada, dizendo que era impossível que alguma coisa ou alguém pudesse ficar pendurado ali e tentando acalmar a Imy com sua conclusão: - Podiam ser mariposas ou algo parecido, afinal existem bichinhos desses de todas as cores.
- Eu não sei, mas pra mim pareciam olhos! - disse a Imy ainda muito apavorada e terminando de subir as escadas com a gente, enquanto eu dava olhadas de canto de olho para trás e tinha a impressão que éramos seguidos.
Ao chegarmos ao quarto andar, onde se destacavam ensaios fotográficos feitos pelos cinco da KVWN e cada uma de nós, exceto Tracy, ficou espantada com a perfeição física dos quatro homens e das curvas de Veronica.
- Impressão minha ou Ron Burgundy e Champ Kind eram remadores? - disse Imy observando uma foto em que Burgundy estava deitado de sunga vermelha sobre uma bóia em uma piscina e outra onde Champ aparecia treinando e deduzindo o detalhe devido ao fato do pai dela ser esportista profissional de remo.
- Eles eram remadores e halterofilistas, mas o Champ também lutava boxe tailandês - respondeu Harken observando as fotos com um quê de nostalgia.
- Mas os dois não parecem nada com os atletas que levantam aqueles pesos nas olimpíadas - observou desnecessariamente a Pippa enquanto Tracy dizia que também praticava essa modalidade de boxe.
- Os halteres eram apenas para deixá-los com os braços maiores, porque o real esporte deles era o remo, tanto é que foram durante anos campeões americanos de remo pelo estado da Califórnia - falou Ed ao observar o ensaio fotográfico onde Ron aparecia vestido de remador e espantado com o que Tracy dissera.
Eu observava alguns e me espantava de até onde o homem podia chegar em sua busca pelo corpo perfeito, pois cada um deles era perfeito na parte física ao seu modo: Ron remava e praticava halteres, Champ fazia os mesmos esportes de Ron, além do chamado muay thay, Brian era lutador e segundo Harken, dono de uma força descomunal mesmo para o tamanho dele e Brick era um fisiculturista ao estilo Lou Ferrigno e pior ainda, o estilo físico praticamente berrava na cara de quem olhasse.
Já Veronica era linda por natureza: loiríssima, curvilínea e dona de formas arredondadas e grandes que se destacavam debaixo dos terninhos, vestidos e lingeries que ela usava nas fotos, algumas que certamente deixariam os garotos da minha turma de quatro, especialmente dois ensaios onde ela aparecia completamente nua, mas sem mostrar a intimidade, apenas o bumbum e os seios ficavam à vista, mas sem vulgaridade, pois o que se valorizava era a parte artístico-temática do ensaio, onde predominavam caras e bocas sensuais, além das fantasias de Cleópatra e policial feminina.
- Veronica era a deusa da KVWN, por quem os homens dariam a alma para ter uma noite de prazer - disse Harken, observando as fotos a certa distância.
- Mas esses ensaios mais sensuais não complicavam a reputação dela na tv e fora dela? - perguntei observando as fotos e relacionando com o contexto doido dos anos 70 no que eu considerava a cidade mais maluca dos Estados Unidos.
- Veronica dizia que a mulher é sensual e sexual de nascença, que ela libera os instintos sexuais de forma intensa quando é reprimida, mas que “pode fazê-lo cuidadosamente sem problemas” quando é criada com mais liberdade, como foi o caso dela, filha de médicos - respondeu Harken gesticulando com os dedos formando aspas, desmentindo algumas coisas ditas sobre ela no filme “O âncora” e completando com um sorriso: - Então ela se liberava fotografando vestida de modo sensual ou sendo a mais fogosa das namoradas, como ela era com Ron Burgundy, mas dependendo de como o humor dela se comportava.
- Tenho que admitir: ela realmente tinha cacife pra isso - falei, impressionada pelo corpo perfeito e cheio de curvas que ela tinha e que sinceramente, eu invejava, ao mesmo tempo em que sentia um inacreditável e absurdo ciúme de Ron.
Enquanto eu e Harken debatíamos o comportamento liberal de Veronica, Tracy olhava os ensaios feitos por Champ com cara de quem via um velho conhecido, Imy anotava tudo o que podia e Pippa ficava visualmente de quatro pelos músculos de Brick e Brian.
Foi quando Harken nos chamou ao quinto andar, o último da exposição e onde se encontravam as melhores reportagens feitas pelo grupo, além de entrevistas deles e vários programas inteiros do Jornal das Seis, transmitidos ao vivo por uma tela de cinema onde os curiosos poderiam ver para ter uma idéia de como a equipe trabalhava, antes e depois de Veronica.
- Bem que a gente podia trazer a nossa turma aqui para ver a exposição, isso nos daria uma nota a mais! - falei, extremamente encantada com a exposição e mais ainda com a voz de Ron, linda, grave e profundamente doce, além de tão musical quanto à do vampiro dos sonhos de todas as adolescentes americanas, Edward Cullen.
- Uma grande idéia Maddie e para sua maior felicidade, semana que vem a exposição só abre as turmas das escolas e por uma felicíssima coincidência, a sua escola será a primeira a vir! - respondeu Harken sorrindo.
- Verdade que as fitas originais estavam com a qualidade comprometida e tiveram que ser restauradas? - perguntou Imoghen, se metendo no meio da nossa conversa e ao mesmo tempo muito faceira com o que Harken tinha dito.
- Aconteceu sim, levamos quase quatro anos de muito trabalho para conseguir restaurar essas gravações e disponibilizá-las ao público - disse Harken ainda muito feliz enquanto eu ia, aos pulos de comemoração, contar para Pippa e Tracy a feliz novidade que nos daria um tremendo 10 no trabalho.
As duas me envolveram num abraço esmagador e logo Harken e Imy se juntaram ao “montinho”, do qual eu saí com a roupa toda abarrotada, porém, vibrando de tanta felicidade e ainda com o coração aos pinotes toda a vez que John Ronald Reuel Chakiris Burgundy, simplesmente Ron, me vinha à cabeça.
Pippa, sempre cheia de dúvidas, fez uma pergunta que me tirou totalmente dos meus devaneios: - Tio Harken, por que o Ron Burgundy tinha um nome tão comprido? - e que era relacionada ao longo nome de batismo do âncora número um de San Diego que Ed tinha falado ao contar onde e quando ele nascera, porém, não tinha especificado bem a origem, embora eu conhecesse a famosa trilogia “O Senhor dos Anéis”.
- Os livros preferidos dos pais dele eram de um autor chamado John Ronald Reuel Tolkien, sendo por isso que os pais dele, Claude e Dorothy, batizaram os outros sete irmãos dele com nomes de personagens desse autor: Éomer, Éowyn, Peregrin, Meriadoc, Arwen, Aragorn e Galadriel, só que quando veio o último filho, menino, eles acharam justo batizá-lo com o nome daquele que os fazia viajar pelas fascinantes paisagens da Terra Média e colocaram no registro os três primeiros nomes do autor, só não puseram o último porque o escrivão não permitiu! - disse Harken dando ruidosas gargalhadas ao terminar de contar a origem do nome de batismo de Ron Burgundy.
Nós quatro também gargalhávamos, porque realmente era esquisito demais, tanto é que eu imaginava e me perguntava como os irmãos dele tinham feito carreira de âncoras, como mandava a tradição familiar relatada por Ed, possuindo nomes tão estranhos.
Quando vi no relógio do meu aparelho celular, já eram quase oito da noite e certamente minha mãe ia começar a ligar repetidas vezes perguntando onde eu estava e ordenando que eu voltasse imediatamente, já que, sempre que eu saía, costumava chegar em casa às 19 em ponto.
Pippa, Imy, Tracy e eu nos despedimos ruidosamente do senhor Harken e tratamos de descer voando pelo elevador do prédio até o térreo e pegar o ônibus que nos levava até minha casa o mais rápido possível.
Demos sorte, pois o primeiro ônibus que viera era o que tínhamos pegado horas antes, porém, o engarrafamento em uma das avenidas era caótico e o coletivo demorou o dobro do tempo para chegar ao destino previsto: a minha casa, onde certamente eu levaria a maior bronca dos meus pais pela demora e pelo fato de ter saído sem avisar.
Eu só não esperava que as coisas piorassem ainda mais, pois quando abri a porta da minha casa, tinha uma reunião na sala: os meus pais e os da Tracy quase tendo um ataque de nervos, a mãe da Imy muito zangada e o treinador Hooken batendo um dos pés contra o chão de tão nervoso pela demora da Pippa em chegar em casa, o que culminou na reunião de todos logo ali, certamente ansiosos para darem umas boas broncas em cada uma de nós.
Imediatamente pegamos os folders da exposição sobre a equipe da KVWN e mostramos para justificar nossa saída, além de eu ter dito que aquilo era importante para fazermos o trabalho de História da Senhora Potter.
- A causa é ótima, eu sei, mas as senhoritas não pensem que vão se livrar de uma boa bronca, pelo amor de Deus olha que horas são agora, quase nove da noite, vocês têm idéia de como é perigoso andar por San Diego quando está escuro?! - exclamou minha mãe, cuja altura da voz podia ser ouvida em meio quarteirão.
- Eu não tenho culpa se o transporte público é atrapalhado - olhei para minha mãe, Ronica, e continuei: - O ônibus era só pra demorar 20 minutos, mas tinha um engarrafamento daqueles em uma das avenidas e ficamos presos lá quase o tempo que levamos para chegar na KVWN quando saímos hoje à tarde.
Foi quando meu pai Charlie se meteu no meio: - Isso não justifica você e as meninas não terem avisado que iam sair, vocês tem idéia de como passamos a última hora e meia, quando chegamos e não vimos nenhuma de vocês?!
Pior que o meu pai estava certo, eu realmente tinha feito a burrada de não avisar e sair desembestada pela rua com as garotas para fazer o mais rápido possível um trabalho exigido pela nariguda Senhora Potter, que valia uma nota alta.
- Desculpa papai, eu e as meninas não queríamos deixar ninguém nervoso, eu realmente devia ter ao menos ligado para o seu emprego e dizer que ia sair com as garotas para a exposição - falei muito arrependida do que tinha feito ao mesmo tempo em que não estava.
- Pelo menos deixe o seu celular com um toque que você consiga ouvir, ou melhor, avise quando sair - disse papai daquele jeito que sempre costumava ser um aviso quando ele não me botava na punição: dessa vez passa, mas da próxima, você fica de castigo Madeline.
Os pais e o tio que estavam ali pegaram as respectivas filhas e sobrinha para levá-las para casa, mas não sem antes combinarmos que amanhã à tarde todo mundo tinha que se encontrar na casa da Pippa para fazermos a parte escrita do trabalho, só que de manhã, eu teria que acordar muito cedo e matar o primeiro período da aula porque eu tinha ficado encarregada de buscar a Phoebe no aeroporto, pois ela chegaria no vôo das sete e trinta da manhã.
Passado o susto, alguns minutos depois, sentei para jantar e meus pais perguntaram como estava a exposição. Eu respondi que estava muito bonita e bem feita, inclusive comentando das gravações originais restauradas para serem colocadas ao público.
Eles sorriam enquanto comiam, enquanto eu o fazia vagarosamente e sem pensar muito, pois a minha cabeça estava em outro lugar e ele atendia por apenas um nome: Burgundy.
Depois de jantar, subi para meu quarto e me troquei, pondo um pijama rosa composto por um short curto e uma regata, enquanto meus pais ainda iam assistir ao jornal e certamente conversar algumas abobrinhas típicas de um casal casado há 32 anos.
Fui para debaixo das cobertas incrivelmente cansada e de repente, minha cabeça viajou ao total do absurdo: me imaginei beijando Ron Burgundy na boca com direito a trilha sonora embalada por Celine Dion cantando o tema de Titanic e quando eu menos esperava, ele, apenas no meu sonho acordado, se afastou, me deixando desapontada ao máximo.
Despertei daquele devaneio esquisito demais quase pulando da cama, ficando naquela hora convicta de três coisas, ao maior estilo Bella Swan: primeira, o trabalho de História sairia melhor do que o esperado, segunda, eu tinha quase certeza que alguma coisa estava muito errada naquela tarde na KVWN e terceira: eu não sabia como, mas estava incrível, irrevogável e absurdamente apaixonada por Ron Burgundy.