quarta-feira, 18 de março de 2009

Frieda, a Vampira - Volume 1: A nobreza despida (1814 - 1854) - Capítulo 1: A fuga e a eleição

Vampirizada, desonrada, sem família e ninguém para protegê-la, ela por si só. Era assim que ela se sentia estando sozinha no imenso mato que cercava o vilarejo de onde ela tinha acabado de fugir.
Ela tinha sido transformada poucas semanas antes de os camponeses se revoltarem e junto com os membros da “Irmandade”, fanáticos religiosos do vilarejo, invadiram o castelo e seu tio Gustav Weil viera por trás para pegá-la.
Porém, enquanto ele subia pela escada de trás e aproximava-se, ela sentiu o cheiro de cerveja que ele costumava beber todos os dias depois de fazer algo, mesmo que isso fosse se reunir com os seus companheiros da Irmandade, pois isso sempre fora típico dos germânicos, fossem eles da Prússia, Áustria ou qualquer outro lugar das redondezas.
Ao vê-lo subindo com um machado pronto a decapitá-la, Frieda correu rapidamente e pulou o altíssimo muro do castelo diante do olhar de um incrédulo Conde Karnstein, cujas pernas correram apavoradas de volta ao castelo depois de fazer a vampira sair para vigiar se não tinha ninguém por perto, para que eles fugissem sem perigo.
A vampira permaneceu pendurada até suas mãos cansarem e seu corpo cair de encontro a uma moita de espinhos bem em cima de um fosso de água corrente, onde ela poderia morrer derretida se fizesse algum movimento brusco ou descuidado.
Sua irmã gêmea, Maria, que estava no meio da confusa turba procurando Frieda, sentiu horrível dor no corpo todo, percebendo que algo acontecera com a vampira e correu para procurá-la dentro do castelo e quando menos esperava, foi feita refém pelo cruel vampiro, que a levou arrastada para o alto da escada do castelo e ameaçou matá-la.
Isso fez com que Weil, tio da jovem e líder da Irmandade, subisse com um machado e tentasse acabar de vez com o vampiro, porém, ao jogar o machado para decapitá-lo, não o acertou e ao tentar escapar, foi brutalmente atingido nas costas pela arma pega pelo nobre e foi atirado do alto daquela escada, já morto, sendo imediatamente acudido pelos companheiros.
Enquanto isso, Karnstein, aos berros, olhava com superioridade arrogante para aqueles camponeses ali presentes e Frieda agonizava gemendo de dor: seus braços, pernas, costas e nuca eram cravejadas por uma moita de espinhos pontudos e afiados que penetravam as carnes rígidas de seu corpo pueril, seus gritos de dor sendo abafados pelo imenso barulho dos revoltados camponeses.
Nessa hora, Anton Hoffer, um jovem professor de música que quase uma hora antes havia salvado Maria de morrer queimada no lugar de Frieda, arriscou jogar uma estaca para matar definitivamente o vampiro, com a sorte ficando ao seu lado, pois conseguiu acertá-lo no coração, matando-o de forma extremamente dolorosa.
Enquanto isso, Frieda sentia o perigo da Irmandade cada vez mais perto, pois não conseguia se soltar da moita que cada vez mais a machucava, ela precisava sair dali antes que os irmãos a vissem e acabassem de vez com ela.
A Irmandade, por ordem do agora falecido Gustav, agora procurava a vampira Frieda, já que no castelo ou em volta do mesmo não havia sinal algum dela: - Precisamos achá-la antes que ela escape de vez e faça outras vítimas!
- É impressão minha ou a água do fosso parece estar avermelhada? - perguntou outro irmão, cujo nome era Klemens, conhecido sua visão muito perspicaz.
Ao olharem na direção apontada pelo irmão, coberta por larga e densa vegetação, eles viram pedaços do que parecia ser tecido vermelho, além da água realmente estar avermelhada, o que fez os irmãos saírem comemorando e chamarem os outros depois de concluir que a vampira morrera derretida na pureza da água corrente.
Já ela saía com muita dificuldade de onde estava, com as roupas rasgadas, feridas no corpo e na alma, sem eira nem beira, igual um rato.
Só que ela fez um pouco de barulho ao sair da moita de espinheiro e os homens ouviram, virando-se para trás, mas, bem nessa hora Frieda abaixou-se rapidamente e deu um miado para que eles pensassem que era um gato.
Eles riram enquanto ela, escondida atrás da densa moita, chorava baixinho de raiva vendo sua vida toda ir por água abaixo, pois a maldita irmã gêmea teria a sorte de casar enquanto ela se entregaria a todos os tipos de homens por uns trocados, porém, ao olhar para seu corpo machucado e seu vestido rasgado, ela pensou maliciosamente: - Eu sou linda, tenho formas generosas, então não vou ser uma simples puta e sim uma cortesã em Viena, mas primeiro pegarei minhas coisas e depois... - rindo e já tramando um esboço de um plano, mas pensando: - Porém preciso ter cuidado, afinal não posso me mostrar publicamente e menos ainda beber sangue, embora eu esteja morrendo de fome e só assim eu possa curar minhas feridas.
Escondida pelos matos, Frieda espionava a movimentação no vilarejo que acontecia por conta do velório e enterro de seu tio Gustav, enquanto esperava o momento certo de aparecer no vilarejo e surrupiar da casa da tia pelo menos parte de suas coisas: vestidos, chapéus, sapatos, prendedores de cabelos e as poucas jóias, que valiam um bom dinheiro.
Frieda, oportunista como uma alpinista social, aproveitou-se do velório de Gustav, lotado e com previsão de terminar na outra manhã, para ir até a casa de madeira grande e rústica onde morava e pegar todas as coisas suas que pudesse.
Entrando silenciosamente por uma das janelas, a vampira subiu até o quarto para ter suas roupas e coisas pessoais de volta. Chegando ao quarto onde dormia ao lado de Maria, abriu o armário e viu seus muitos vestidos, nas gavetas, seus enfeites de cabelo, suas jóias ganhas do pai e tudo estava pronto para ser pego sem que ninguém soubesse quem tinha sido o ladrão. Mesmo assim, ela tinha de ter muita cautela, afinal, alguém podia voltar a qualquer hora.
Durante alguns minutos, usando suas habilidades como futura dona de casa que aprendera com a falecida mãe, ela pegou todos os vestidos, desde os mais simples até os elegantes e os dobrou cuidadosamente em trouxas feitas com pedaços grandes da capa preta que já estava bem rasgada, logo em seguida colocando suas jóias e enfeites de cabelo junto das roupas.
Bem na hora em que ela terminou de arrumar tudo, ouviu vozes masculinas e percebeu que quatro homens da “Irmandade” subiam. Ela escondeu-se no armário com sua “bagagem” já pronta e fechou a porta de modo que nenhum deles pudesse vê-la enquanto eles falavam sobre Gustav, ressaltando suas qualidades, principalmente a capacidade de combater o mal naquele lugar e o fato dele ter morrido em nome dessa causa.
Ela continha sua fúria, pois tinha sido por isso que seu tio acabara com o seu amado e seus sonhos de viver longe daquilo que ela chamava de “pocilga”. Sua vontade de despedaçá-los e espalhar-lhes o sangue por aquele maldito vilarejo era grande demais no coração cheio de ódio da vampira, que jurou em pensamento se vingar da Irmandade do modo mais cruel que pudesse.
Logo que eles saíram e desceram as escadas, ela saiu silenciosamente do armário, fechou-o da mesma forma e jogou as trouxas pela janela, pulando logo em seguida, porém, ela fez um tanto de barulho ao cair e atraiu a atenção dos quatro, que subiram de volta para ver o que tinha acontecido.
A vampira miou alto para que eles pensassem mais uma vez em um gato, conseguindo espantá-los, que saíram achando estranho que um bichano ficasse miando todas as vezes que eles apareciam.
Ao término do funeral de Gustav, todos voltaram e Frieda já estava devidamente escondida em uma caverna grande na floresta próxima ao vilarejo e dentro dela, tramava agora um diabólico e concreto plano: seduzir George Witcherwell, um inglês que ali morava há quinze anos e segundo a vampira soubera semanas atrás, estava apaixonado por ela e planejava pedi-la em casamento a Gustav quando tivesse oportunidade.
Agora, ela tinha a chance de despertar a fera interior do irmão e o fazê-lo ficar cego de amor por ela e de ódio pela Irmandade, da qual ele fazia parte não por gostar, mas para manter-se vivo e inteiro.
Quando a noite chegou, ela foi escondida até o vilarejo em direção à casa do inglês, mas, ao passar pela casa onde morava antes, ouviu um grupo da Irmandade conversando com Maria e Anton.
- Não entendo quem é que roubaria todas as coisas de minha irmã, incluindo as roupas - falou Maria apavorada com o saque que tinha sido feito na casa durante à tarde.
- Provavelmente o ladrão ou a ladra deve ter roubado as coisas da falecida para vender, afinal, ela tinha coisas muito boas e as jóias valem uma boa quantia em dinheiro - falou um dos irmãos.
- Mas como ele ou ela entrou se a casa foi trancada por mim?! - falou desesperada Katy, a tia de Frieda e Maria.
- Tia, a senhora deixou as janelas abertas quando saímos, então só pode ter sido por ali que o ladrão entrou - deduziu Maria tão desesperada quanto a tia.
- Bem, nós íamos dar as coisas dela para a caridade, então, pode ser que o ladrão tenha roubado isso tudo para vender e se sustentar por um bom tempo, afinal, a maioria das pessoas que mora aqui é muito pobre, quem sabe esse alguém pode aproveitar essas coisas bem - falou outro dos irmãos, que não era tão radical quanto Gustav.
- Mas roubar é crime! - exclamou um.
- É, mas muitas pessoas passam fome aqui nestes lados desde que a colheita do ano passado foi péssima, então é um tanto normal que elas façam isso, afinal, não há ninguém por elas e ninguém quer morrer de fome, não é? - falou Anton olhando sério para a parte mais conservadora da “Irmandade”.
Frieda, do lado de fora, ria baixinho enquanto os irmãos olhavam Anton com fúria e um dizia: - Quando for eleito o novo líder daqui, ele vai dar um jeito nesse professorzinho.
- Dar jeito nada, eu descobri algo muito importante e que pode interessar ao vilarejo! - exclamou um que estava no canto da sala e também não era tão radical quanto os outros.
- O que foi?! - perguntaram os outros ao mesmo tempo enquanto Anton dirigia seu olhar a Maria um tanto receoso.
- Amanhã eu conto, agora está na hora de nos recolhermos - falou o mesmo do canto, que continuou: - Apesar de que isso não agradará a todos, mas todos nós temos que pensar que é a ele que devemos a morte do vampiro Karnstein.
Todos foram se recolher curiosos para saber qual era a descoberta, deixando Frieda também do mesmo modo, já que ela nunca tinha visto algo de diferente naquele professor de escola e na irmã dele que ela matara.
A vampira logo pensou, em seguida afastando o pensamento com uma raiva e ódio extremos: - Será que o imbecil otário do Anton é bruxo igual à desgraçada da Maria? Não, não pode ser, é sorte demais para aquela que deveria estar morta em meu lugar! - imaginando que logo ele seria seu cunhado e pensando milhares de desaforos impublicáveis sobre a irmã gêmea.
A vampira saiu andando discretamente em direção à casa do britânico George quando raios surgiram no céu e ela percebeu que logo começaria uma séria chuva, então tratou de correr até a única casa mais longe da igreja onde se reunia a Irmandade.
Chegando lá, viu pela janela de perto da porta George sozinho e seminu, pois ele se preparava para tomar banho. Frieda olhava com fascínio o corpo atlético e belo, apesar das costas marcadas a chicote, daquele homem de negros cabelos, claros olhos e rosto tão bonito, que só fazia parte da Irmandade por querer se manter vivo e inteiro.
Ela sabia o motivo: ele tinha cometido o “crime” de dormir com uma camponesa, que fora executada no dia seguinte, e seria morto se não se redimisse e concordasse em ajudar a Irmandade, porém detestava o fato de os irmãos queimarem vivas mulheres que viviam sozinhas na floresta, alegando que elas eram bruxas, mas tinha de suportar calado se não quisesse ser ainda mais punido.
De repente, começou a chover muito e ela, apavorada, agradecia às suas esguias e belas pernas por terem sido rápidas em levá-la até ali, já que aquele espaço a livrava de derreter através da chuva.
Ali parada, pensou: - Não posso passar a noite aqui, imagina se alguém da Irmandade me vê, eu realmente estou morta! - e em seguida, pensou em algo terrivelmente erótico, mordiscando o lábio: - Vou me despir inteira e bater à porta, quero vê-lo resistir! Já conheço, ainda que não do melhor modo, a figura máscula por trás do dedicado irmão! - enquanto gargalhava de modo sinistro.
George, do lado de dentro tomando um relaxante banho na tina de madeira, se assustou ao ouvir a risada e pensou:
- Que risada é essa? Será que há outro vampiro além do conde Karnstein e de Frieda, que já se foram dessa pro inferno?! - se levantando da banheira, enrolando-se em uma toalha e indo abrir a porta, pensou na linda moça que ainda amava embora estando morta: - Se você não tivesse virado vampira Frieda, eu juro, você seria a mulher mais rica e feliz dessas paragens, eu te daria as roupas mais finas, as jóias mais caras e os melhores e mais submissos criados, em suma, você seria uma verdadeira rainha.
Ao abri-la, ficou estático e ao mesmo tempo espantado ao ver Frieda nua encostada à tora de madeira que sustentava o telhado, os seios e o sexo cobertos pelos braços e pernas tão alvos e brancos. Olhando para o lado, viu as trouxas de roupas e objetos e o vestido rasgado atirado ao chão enquanto Frieda perguntava sedutoramente: - Ainda posso ser sua rainha se me quiser ou não me quer mais?
- Você devia estar morta! Mas como você...? - o inglês perguntava sem conseguir terminar a pergunta.
- Os membros da Irmandade são uns ignorantes e burros, pensaram que eu morri derretida no fosso do castelo apenas porque meu lindo vestido vermelho se partiu em inúmeros pedaços e junto com muito sangue que saiu dos ferimentos do meu lindo corpinho - ela respondia passando a mão pelas curvas: - E boiaram pelo fosso castelo, fazendo aqueles ignaros concluírem a minha morte, mas como você vê, estou viva, porém desonrada e sem eira nem beira, além de muito ferida - e fazendo cara de sedução.
- Você não espera que eu te abrigue aqui não é? - perguntou George sem ousar se mexer e tirar os olhos do corpo da vampira, principalmente das costas feridas dela, devido ao espanto.
- Não exatamente eu espero, porém eu quero e você vai fazer, pois eu sei que você ainda me ama e sempre vai me amar, ou desejar, como você queira - falou Frieda adentrando a casa completamente nua e balançando os quadris em uma sensual sintonia.
- Você agora é impura, pois se deitou com o Conde Karnstein e se deixou vampirizar por ele, sua, sua vagabunda! - George tentava disfarçar seu desejo, porém seus olhos demonstravam o contrário.
- Seu bobo, acha que me engana fazendo essa cara de irmão sério e dedicado? Desde que eu o conheci, vi nos seus olhos que odeia a Irmandade pelas marcas de chicote que deixaram nas suas costas e por terem deixado sua irmã Lucrecia tísica ou acha que não percebi isso? Odeia essa merda de lugar tanto quanto eu e odeia aquela gentalha da Irmandade! - Frieda demonstrava sua capacidade de ouvir atrás das portas as conversas do tio falecido e de ter uma alta percepção das coisas à sua volta enquanto se enroscava nele, acariciando-o nas coxas e parte íntimas, abrindo as pernas e querendo tirar a toalha dele:
- Deite comigo, satisfaça seus desejos mais perversos, se lambuze todo comigo, desperte a sua fera adormecida há tanto tempo!
George deixou que a toalha caísse aos seus pés e agarrou Frieda pela cintura deixando que sua fera interior despertasse, sem se importar se as costas dela estavam feridas: - Sim Frieda, você tem razão, eu realmente odeio esse lugar e mais ainda a Irmandade! Sim minha deusa, eu sempre te amei e continuarei te amando, por você e para você sou capaz até mesmo de transformar este vilarejo em um mar de sangue!
Frieda ria sinistramente enquanto se enroscava mais ainda no corpo atlético do irmão e esfregava mais ainda sua intimidade já molhada de prazer entre as pernas dele, louca para ser penetrada.
George sentia suas partes endurecendo cada vez mais enquanto beijava os lábios da vampira e tocava-lhe nos seios, coxas, quadris, logo se encostando a uma coluna da casa colou a vampira em seu corpo e penetrou-a com força, dizendo no ouvido dela que rebolasse bastante, pois era gostoso e ela o fez agarrada à coluna, gemendo alto e atraindo a atenção da criada Sabine, que se levantou para averiguar o que ocorria e quando chegou à origem do barulho, não segurou um grito ao ver a vampira Frieda.
George virou-se com uma expressão de fúria para a criada e exclamou: - Você conta o que viu aqui e eu juro: vai comer grama pela raiz! Agora pegue as trouxas da minha deusa que estão na porta e tranque-a sem dizer uma só palavra, depois, leve as bagagens para o meu quarto e arrume tudo no armário!
Sabine, apavorada, cumpriu as ordens do patrão e depois de terminar a tarefa, trancou-se em seu quarto e colocou seu crucifixo no pescoço, colocando-se debaixo de suas cobertas enquanto George, ali mesmo na sala, beijava o corpo inteiro da vampira: boca, pescoço, colo, seios, ventre, baixo ventre, pernas e pés, gemendo de prazer e gozando como uma fonte entre as pernas dela.
Pela manhã, George se vestiu com o “uniforme” da Irmandade e disse a Frieda: - Deixe as janelas fechadas e não saia sob nenhuma hipótese e voltarei no final da tarde com coelhos da floresta para que você possa se alimentar do sangue deles - e falou com Sabine: - Pegue ervas e trate dos ferimentos da minha deusa, que à noite eu vou voltar com sangue para acelerar a recuperação dela desses ferimentos malditos.
George saiu em direção à igreja e ao chegar ao local, o inglês viu que os dois extremos da Irmandade, radicais conservadores e liberais, estavam em quente discussão devido à revelação de que Anton Hoffer na verdade era um bruxo riquíssimo, cujo dinheiro seria usado para fazer aquele local perdido no tempo e no espaço tornar-se futuramente uma cidade rica, próspera e preferencialmente uma referência cultural a uma Alemanha que ainda sonhava em tornar-se unificada e independente do Império da Áustria.
- Vocês são loucos?! Temos de mandá-lo à fogueira, pois ele é do mal! - gritou o mais exaltado dos aliados de Weil, o senhor Wolffenbüttel.
- Mandar nada seu pulha, se não fosse ele, o Karnstein e a vaca da Frieda ainda estariam vivos e a jovem Maria virada em cinzas, você não pensa nisso?! - berrava outro, que era do lado liberal, liderado pelo holandês Harold Hawkins.
George só olhava enquanto os dois que se agrediam verbalmente quase chegavam a ponto da agressão física, sendo separados por Harold e outro que se meteu no meio sem autorização prévia: - Essa é a casa de Deus, vocês não podem querer se agredir assim!
Os dois pararam e o resto ficou em silêncio, já que dali a alguns minutos o novo líder da Irmandade seria eleito em uma eleição onde todos os membros escolheriam entre Harold e o senhor Wolffenbüttel.
O holandês Hawkins tomou a palavra: - Que me perdoem os conservadores, todos, porém eu concordo em não mandarmos o senhor Hoffer à fogueira, afinal ele salvou a vida da jovem Maria e o nosso vilarejo da ameaça Karnstein, então, nós devemos nossas vidas a um bruxo, ainda que vocês radicais não queiram aceitar.
A metade liberal bateu palmas a Harold enquanto a outra, muito a contragosto, admitia afinal, pois os fatos falavam por si só: Anton havia quase matado um cavalo de cansaço para chegar até o local onde queimariam Maria no lugar da vampira Frieda e conseguiu fazer o finado Gustav colocar uma cruz diante da jovem, cujo sorriso de bonança provou que ela não era a criatura malévola.
Então, todos receberam das mãos de um dos irmãos papéis e penas e Wolffenbüttel, o musculoso prússio de cabelos ruivos de fogo, disse: - Pensem muito bem antes de escolherem o novo líder, pois uma má escolha pode fazer nosso vilarejo pagar um alto preço e uma boa escolha pode deixar a ordem como está - deixando Harold furioso, que em seguida replicou:
- Manter a ordem nem sempre pode ser boa escolha, então reflitam antes de votarem, pois estamos muito aquém do que esse lindo lugar poderia ser cultural e economicamente se tivéssemos um líder e uma Irmandade com iniciativa não só de combater o mal, mas também de fazer o bem - se referindo à falta de novas idéias por parte dos radicais.
O polonês ficou a um passo de partir Harold em dois ao ouvi-lo, mas se conteve por respeito ao local onde eles estavam enquanto um irmão dizia que era hora de escolher e todos os outros logo escreveram o nome do seu candidato enquanto o mesmo que disse para começar a votação pegava uma pena e um papel para votar.
Alguns minutos se passaram e todos os votos já haviam sido armazenados em uma caixa de madeira, de onde começaram a ser retirados pelo irmão Wilhelm, que ao final da apuração, falou olhando todos com cara de tacho:
- Eu imaginei que isso aconteceria, metade dos irmãos é de ideologia conservadora radical e a outra liberal, então, a votação deu empate - olhando Wolffenbüttel com receio, pois este havia feito ameaças a muitos irmãos durante o velório de Gustav para obter votos e ficando admirado com a coragem dos ameaçados de não se intimidar.
- Já que aconteceu isso, devemos chamar o irmão Witcherwell para desempatar apesar do poder de voto dele só ser permitido após dez anos da estada nele na Irmandade, porém, como eu e o Wolffenbüttel estamos iguais em número de votos, ele deve dar o seu voto de desempate e assim fica decidido quem será o novo líder - disse Harold sorrindo.
George sorriu triunfante, pois havia sido um dos ameaçados e disse com propriedade: - Eu fui criado em uma Inglaterra de política liberal econômica e regime monárquico-parlamentarista de governo, então eu sou a favor de ambas as coisas, por isso escolherei Harold Hawkins como meu líder e desta maravilhosa Irmandade.
O ruivo ficou furioso com o britânico e foi para cima dele nos socos, sendo imediatamente derrubado pelos punhos potentes de George, que se desculpou: - Me perdoem todos, mas eu tinha de me defender.
Os outros seguraram o polonês, que berrava: - Eu te desafio a um duelo de espadas, George Witcherwell!
- Aceite que você perdeu Wolffenbüttel e não o desafie, pois duelos são ilegais! - disse Wilhelm, um mais conservador, tentando evitar problemas e em seguida dizendo: - Harold não é como Gustav, mas acho que nós podemos ter uma convivência pacífica com ele.
O ruivo berrou: - E como fica minha honra de homem depois de apanhar desse biltre inglês na frente de todos?! E ainda, nenhum de vocês meus amigos irá reagir contra a eleição desse holandês liberal para a nossa religiosa Irmandade?! Esqueceram que em nada ele e seus corvos concordam com os ideais de nosso honrado Gustav?!
- Todo mundo aqui viu que quem começou foi você, então cale a boca e fique no seu lugar! - exclamou Harold já impondo respeito como novo líder da Irmandade e respondendo logo em seguida ao conclame do conservador prússio:
- Wolffenbüttel, eu sei que nunca concordei com o extremismo do Gustav e o quanto é necessário combater o mal que cada vez mais se alastra, porém, apenas combater o mal não enche a barriga de ninguém e menos ainda dá a instrução básica da qual nossas crianças precisam ou vocês acham certo que nossas crianças se tornem adultos analfabetos para servir nobres sem coração como aquele porco desgraçado do Karnstein?
A voz forte do holandês e as palavras do mesmo deixaram todos quietos e espantados durante alguns segundos, porém Ártemis Winchester, outro inglês da Irmandade, olhou com ódio para George, imaginando que certamente ele era o culpado por aquela desavença toda, porém, Harold olhou para os dois dizendo que permanecessem quietos, pois ele diria como deveriam proceder no caso de Anton Hoffer, porém, uma menina entrou na igreja bem na hora em que todo mundo se reorganizava nos lugares.
Espantados, os irmãos olharam e Harold perguntou: - O que faz aqui, Rowena, esqueceu que não pode entrar na igreja sem autorização nossa ou sair de sua casa sem sua mãe saber?
- Tio, primeiramente eu fui à casa da tia Katy e da tia Maria para falar com elas, mas elas tinham saído, então, eu vim falar com vocês sobre as coisas roubadas da casa delas durante o funeral do senhor Weil - respondeu Rowena.
- Se for algo importante, fale agora Rowena, poderemos resolver tudo hoje mesmo se o seu testemunho for verdadeiro - Wilhelm respondeu olhando a menina.
- O que vou dizer é verdade: eu vi de longe quando uma moça bonita usando vestido engraçado saiu da casa das tias carregando alguma coisa nas mãos e quando ela foi pra floresta, pois eu a segui por alguns minutos bem de longe, pois tive medo que fosse um dos monstros de presas grandes - respondeu Rowena com medo e se abraçando em Harold: - Por favor, tio, se for um desses, acaba com ele!
O novo líder da Irmandade abraçou Rowena: - O mal ainda está presente nesse lugar e ele atende pelo nome Karnstein!
Todos olharam Harold e perguntaram como era possível e o holandês respondeu: - Todos aqui sabem que o agora falecido Conde Karnstein lidava com ritos demoníacos assim como o resto da família e que uma das primeiras Karnsteins mortas da família, Mircalla, está sepultada bem debaixo do castelo.
Wilhelm olhou e perguntou: - Sim, mas o que isso tem a ver com o roubo das coisas da falecida vadia?
- Vocês não pararam para pensar que para ter acontecido o que aconteceu a Condessa Mircalla teria que ter retornado dos mortos como vampira e mordido o Conde para transformá-lo em vampiro? Então, somado ao fato dele lidar com esses ritos que eu já falei, há duas camponesas desaparecidas, Cora, raptada por membros de uma seita que se abrigava no castelo do maldito e Gerta, sumida de casa no meio da tarde para servir aos propósitos sexuais do biltre - falou Harold tentando fazê-los concluir o que ele já tinha concluído.
Wolffenbüttel exclamou: - Pára de rolos e diz logo o que está pensando, ô pulha!
- É uma conclusão simples: o Conde na certa matou Cora e o sangue escorreu pelo altar, que segundo lembro, ainda existe, e certamente foi parar na cripta que fica exatamente embaixo e onde se sabe, estão sepultados os mortos da família. Então, é bem provável que o sangue dela trouxe a maldita condessa de volta e ela o mordeu, transformando em vampiro, que transformou a vagabunda da Frieda em vampira, que causou a morte do secretário do Karnstein, Dietrich e da irmã do professor Hoffer, Ingrid e eu suponho, apenas suponho, que tenha matado Gerta junto com ele - falou Harold olhando todos.
Ártemis falou:- Sem corpos não há crimes, ô narigudo holandês, por acaso esqueceu-se disso?
- Elementar meu caro Ártemis é que os corpos estão no bosque, ocultados pelas frondosas árvores ou na gruta, cujo rio subterrâneo vai para o fosso do castelo Karnstein, que foi o local onde Frieda caiu do muro do castelo para derreter na água corrente - falou Harold, concluindo sua tese ao estilo Sherlock Holmes.
Os irmãos ficaram espantados com a conclusão enquanto a pequena Rowena, aos prantos, enterrava a cabeça no ombro de Harold:
- Não deixe esse monstro tirar as nossas vidas!
Imediatamente ficou decidido que na manhã seguinte a Irmandade inteira, exceto George devido a ele ser o orador do sermão do domingo, iria ao castelo para dar cabo da Condessa Mircalla e de cara Harold deu a Lauzun, um dos conservadores que tinha séria tendência a gostar do lado liberal, a função de chamar Anton Hoffer para ir com eles.
Os outros conservadores, a contragosto, concordaram enquanto Harold disse que levaria Rowena para casa, pois certamente a mãe da menina, Lorelai, já devia estar preocupada com a ausência da filha.
Depois desse fato, as horas passaram normalmente até a noite cair no vilarejo e George finalmente poder sair do lugar que mais odiava em sua vida para se reencontrar com sua amada e passar mais uma noite de prazer infame.
- Primeiro tenho de passar na floresta e pegar alguns coelhos para a deusa, ela tem de se alimentar - pensou George indo à floresta para caçar.
Mais ou menos duas horas depois, George voltara com vários coelhos vivos e mais alguns mortos para que Frieda pudesse se alimentar e ele, junto com ela, comesse a carne dos mesmos.
- Como demorou o meu delicioso macho hoje, cheguei a pensar que não te teria comigo - disse Frieda, que estava vestida com um lindo vestido de cetim lilás e os cabelos naturalmente soltos, trazendo consigo um olhar sedutor e malicioso.
- Tinha que pegar sua comidinha minha deusa, pois jamais eu deixaria você passando fome e ainda, está melhor dos seus ferimentos nas costas? - perguntou George com um largo sorriso.
- Nada que o sangue de um camponês imbecil e pueril faça, estou curada! - Frieda riu apontando para o armário.
George abriu o armário e ficou apavorado ao ver um jovem morto, com as duas marcas tão características na altura da jugular: - Eu não te disse para não sair sob nenhuma hipótese?! Imagine se alguém encontrá-lo, certamente vai descobrir você!
- Quem disse que saí? Eu ameacei chupar o sangue da imbecil Sabine caso ela não atraísse alguém para cá para me alimentar e como a empregadinha não é boba de achar que eu blefava, achou melhor fazer o que mandei e ainda, só sangue humano curaria as minhas costas! - Frieda ria de modo macabro enquanto George dizia: - Melhor eu levá-lo para o bosque e enterrá-lo, pois se eu queimá-lo, alguém pode notar e isso nos colocaria em perigo.
- Vamos nos amar seu bobo, dane-se o jantar com carne de coelhos, pois o seu jantar essa noite sou eu! - disse Frieda abrindo a parte de cima do vestido e mostrando os seios, que ela balançava com as mãos e cujos mamilos beliscava sensualmente.
George não se importou com mais nada, nem com o fato de estar suado e se despiu inteiro em questão de minutos, jogando-se na cama com sua amada logo em seguida e arrancando-lhe o vestido, debaixo do qual só havia o corpo lindo e nu da vampira. Daquele momento começava uma quente noite de prazer onde beijos, carícias ousadas, atos orais em locais íntimos, toques que deixavam o casal em êxtase total aconteciam a cada minuto e não paravam.
Sabine, apavorada com os gemidos que ouvia, chorava baixinho de medo, se sentindo impotente por não poder fazer nada contra a iminente desgraça que começaria a acontecer, porém alguma coisa começava a se formar em sua mente, já que ela sabia ser uma questão de tempo George levar Frieda dali.
Frieda se levantou com a noite em seu auge, foi totalmente nua até a janela e furiosamente para a escura floresta ouvir, exclamou:- Agora sim posso me vingar, todos saberão quem é Frieda Gelhorn e que ninguém que se mete comigo sai impune! A Irmandade vai saber do pior modo que não existe nada mais terrível que uma fera ferida machucada no corpo, na alma e no coração!