Passados dois dias de sua chegada, o falso circo circulava pela cidade sem despertar nenhuma desconfiança e maravilhado com a grandiosidade da capital do Império da Áustria ao mesmo tempo estarrecido com a miséria na qual viviam inúmeros habitantes.
- Meu Deus, como pode o Imperador gastar tanto dinheiro fazendo essas obras e deixar os pobres à própria sorte?! - perguntava Wilbur horrorizado.
- Eles ainda por cima pagam os absurdos impostos cobrados por esse monstro sob pena de apodrecerem na cadeia apenas para manter os luxos absurdos da nobreza ociosa e parasitária que o cerca e o pior de tudo é que nessa nobreza certamente aquele biltre britânico está incluído ao lado daquela porca luxuriosa! - exclamou Levine furioso, porém em baixo tom.
- De nada adianta ficarmos divagando, o melhor que podemos fazer nesse caso é ajudar essas pessoas com pelo menos um pão sobre a mesa - disse Harold um tanto triste e pensando em como podia ver aquilo sem poder fazer muita coisa.
Klemens estava furioso com as cantadas que recebia devido ao seu perfeito disfarce de cigana, porém acostumava-se com aquela situação para salvar seus amigos e a bela e futura cidade que se desenvolvia.
Maria e Anton ficavam sempre juntos, ainda que isso deixasse Lauzun um tanto constrangido, afinal de contas, nem casados eles eram ainda, porém, Anton queria matar Frieda para impedir seus maléficos planos.
Ao mesmo tempo, Frieda aproveitava-se das saídas de George e dos descansos longos da cunhada Lucrecia para ir para a cama com o Marquês de Munchaünsen na casa deste, onde passava horas se divertindo sexualmente com ele e de onde ia embora usando seus poderes de vampira, de modo que ninguém percebesse que ela traía o “marido”, porém, ela nem desconfiava que seus planos talvez estivessem a um passo de serem arruinados.
Enquanto isso, em uma parte secreta da casa de George Witcherwell, o pequeno Arthur Raven estava acorrentado pelos pés e tinha tido sua varinha escondida pelo bruxo Klaus Wolff.
- Isso dói muito moço, pode pelo menos soltar um pouco as correntes? - disse o menino sentindo muita dor no tornozelo.
- O senhor Witcherwell deu ordens expressas para que eu não o soltasse até a hora dele voltar, afinal, você já tentou fugir várias vezes e não quero correr de novo esse risco - sorriu o cruel Tutchenko.
Lucrecia ouviu a conversa e não conseguia evitar a tristeza, pois o pequeno Arthur tinha a idade que teria o filho dela caso este não tivesse morrido aos sete meses vítima de pneumonia. Levava comida às escondidas para o menino, pois não o queria passando fome.
Aquela vampira inglesa ainda possuía uma ponta de bondade, pois não podia evitar pensar quando via o menino: - Se você não tivesse família, eu juro que te adotava pequeno, você tem a idade que teria o meu Wenzel se ele tivesse ficado vivo.
Todas as vezes que Arthur via os pensamentos de benevolência dela e dizia que gostava de Lucrecia, ela se perguntava por que tinha sido tão má a vida toda, até mesmo se arrependendo de seus atos passados e de ter se deixado virar vampira. Ela sabia como Frieda era cruel e impiedosa, inclusive a vampira chegara a ponto de esbofetear o rosto do menino e ameaçá-lo com um ferro em brasa apenas para torturá-lo.
- Onde eu estava com a cabeça quando permiti que Frieda fizesse isso comigo me deixando levar por aquela beleza angelical dela? - Lucrecia se perguntava ao chegar ao seu quarto e ver seu mundo cair, no melhor estilo da fossa moderna de Maysa e continuava divagando: - Porém, talvez assim eu consiga ter mais chances de fazer algo melhor pelo menino. Eu sempre imaginei que aquela vampira era perversa, mas nem tanto assim! Meu Deus, como ela pode odiar tanto um menino como aquele? Uma criança tão linda sofrendo daquela forma nas mãos daquele monstro! - até que decidiu:
- Mesmo que Frieda me dê uma estaca no meio do peito, eu tiro Arthur daqui! Não posso continuar vendo isso e não fazer nada além de levar comida escondida para ele!
Imediatamente, Lucrecia, se aproveitando que naquela hora o criado siberiano sumia sem dizer aonde ia, foi ao quarto dele, onde ela sabia que estava guardada a varinha do menino e um papel onde estavam escritas as localizações da mãe e irmãs dele, e pegou-os, indo em seguida para o porão soltá-lo e ajudá-lo a escapar. Logo depois de soltar o menino, ela foi ao seu quarto e arrumou suas roupas, jóias e outros pertences, disposta a ir embora em definitivo depois de deixar Arthur e sua família sãos e salvos.
Surpreso ao se perceber livre, Arthur agradeceu muitas vezes abraçando fortemente Lucrecia, que achou melhor usar a cocheira para levá-lo, porque com os tornozelos machucados e as pernas doendo ele não iria longe.
- Vou te levar para um lugar que eu conheço e lá você vai melhorar dos seus machucados e quanto ao Klaus Wolff, caso ele pergunte, não se preocupe, darei um jeito - disse Lucrecia enquanto colocava o menino dentro da cocheira.
- Por que está me ajudando? - perguntou Arthur achando que talvez não devesse.
- Se o filho que eu tive estivesse vivo hoje, ele teria sua idade - respondeu Lucrecia sorrindo.
- Eu queria saber por que minha mamãe me deixou quando eu era bebê, embora o meu papai sempre diga que mesmo eu não tendo nascido da mamãe sempre vou ser filho deles - disse o pequeno abraçado com Lucrecia enquanto o cocheiro Jules cumpria as ordens da patroa.
Lucrecia não pôde evitar uma expressão de surpresa quando soube que o pequeno Arthur era filho adotivo de Christopher e Louise Raven: - Então você sonha em reencontrar seus pais verdadeiros e saber por que você foi deixado, eu imagino, afinal todos nós queremos saber nossas origens.
Ao mesmo tempo, o falso circo estava se alimentando e conversando sobre como procederiam na cidade, quando Wilbur, recebendo uma mensagem telepática, disse muito surpreso: - Lucrecia Witcherwell está levando Arthur para um local que ela conhece, embora eu não entenda porque ela o está ajudando.
Os membros da Irmandade que ali estavam quase se engasgaram com a comida ao ouvirem o que o bruxo de cãs tinha dito enquanto Maria e Anton imaginavam com uma mulher tísica estaria em condições de ajudar alguém.
- Arthur acabou de me dizer que Lucrecia é uma vampira do bem e que se o bebê dela estivesse vivo, teria a idade dele - falou Wilbur tão surpreso que as palavras saíam em separação silábica.
Lauzun disse com desconfiança: - Por acaso existe algum vampiro que seja do bem? Sinceramente, não acredito nisso até que me provem o contrário.
- Você pode não acreditar meu amigo franco-austríaco, mas muitos vampiros são do bem e não bebem sangue humano, isso graças a um grande e bondoso vampiro chamado Carlisle Cullen - respondeu Wilbur, que a noite iria escrever uma carta para o amigo morto-vivo da Inglaterra.
- Vampiros do bem, Carlisle Cullen?! - Harold perguntou espantado e os outros, sendo Lauzun o mais espantado, imediatamente olharam como se tivessem visto um animal raro.
- Cullen é muito conhecido entre os bruxos por ter difundido a filosofia de que os humanos não devem ser apenas um alimento para os vampiros e que o equilíbrio entre as raças é muito importante para a manutenção do mundo tal como ele é - sorriu Wilbur ao falar do vampiro britânico que desde o século 17 aparentava ter 23 anos.
Klemens olhou para Wilbur e perguntou com sua curiosidade médica: - Mas não é o sangue humano que mantém os vampiros com a aparência cheia de vida?
- Essa e algumas outras teorias são uma mentira sem tamanho, inclusive a história de que todo o vampiro possui colmilhos grandes, pois Carlisle e outros não os possuem, embora existam os que os têm, mas isso varia muito, embora essa variação nunca tenha sido explicada - respondeu Wilbur olhando todos como se fosse professor de uma escola primária.
- Entre essas mentiras se inclui a de que uma pessoa pura mordida por um vampiro morre e a não pura se transforma? - perguntou Maria lembrando o que seu noivo contou a ela, de ter quase sido mordida por Karnstein enquanto estava desacordada no andar superior do castelo.
- Absolutamente certo minha bruxa pirocinética, ele muito bem poderia ter transformado você em vampira se quisesse, mas pelo que eu fiquei sabendo ele queria mesmo era matá-la - Wilbur respondeu olhando de canto para a jaula de Karnstein, que estava acordado e com cara de poucos amigos, sem dizer uma única palavra desde que haviam saído do vilarejo.
Apenas de provocação, Maria olhou para a jaula e perguntou: - Não vai falar em sua defesa ou desaprendeu a falar?
- Naquela vez, eu teria te transformado junto com a Frieda, mas agora, eu irei matá-la junto com Anton e esses ridículos quando eu sair daqui - respondeu Karnstein já recuperado de seus ferimentos, mas sem ter como escapar de onde estava.
- Daqui você vai direto para Azkaban e lá vai passar toda a eternidade, sofrendo até desejar estar morto! - exclamou Wilbur furioso com a resposta desaforada do vampiro.
- Esse filho da puta merece é uma estaca! - berrou Lauzun.
Harold fez um sinal de interrupção e perguntou: - Quanto a Lucrecia, dá para acreditar mesmo que ela é uma vampira do bem? E ainda, foi Frieda quem a mordeu?
- Lamento dizer, mas Klemens estava certo quando disse que Frieda mordeu George e ainda, ela vampirizou Lucrecia, mas Arthur me disse telepaticamente que ela se arrependeu de ter permitido isso, mas que foi assim que ela pôde ajudá-lo a fugir, porque as correntes que prendiam os tornozelos do menino eram fortes demais - respondeu Wilbur ainda muito surpreso com a atitude benevolente da irmã de George Witcherwell.
Harold lembrou-se que a agora vampira Lucrecia Witcherwell tinha sido casada e havia engravidado 12 anos antes, mas que o bebê tinha morrido sete meses após nascer, o que deixou a rica inglesa de luto por muito tempo. Porém, o holandês desconfiava de algo sobre a morte do bebê Wenzel Witcherwell McCameron, afinal, ninguém além do pai, que abandonou Lucrecia e foi misteriosamente assassinado um ano depois do “óbito” da criança, tinha visto o corpo.
- Meu Deus, como George pôde ser tão cruel a ponto de permitir isso?! - perguntou Klemens em seu tom falsamente feminino.
- George terá seu merecido castigo quando o encontrarmos, Wolff vai se arrepender do dia que nasceu e Frieda, ah, essa vagabunda também irá para o inferno! - respondeu Wilbur, profundamente revoltado com tudo o que soubera e vira até ali.
Enquanto isso, Jules, o cocheiro corcunda, chegava com Lucrecia e Arthur ao porto da cidade, de onde se tinha acesso ao secreto mundo bruxo, do qual Lucrecia tinha ficado sabendo ao testemunhar uma mulher entrando por uma passagem secreta em Londres quando era menina.
- Vou te levar a uma casa que eu conheço e lá você vai ficar até eu conseguir buscar suas irmãs e sua mãe e daqui todos vocês irão de volta para onde vieram - disse Lucrecia, conduzindo o menino pela grande Wien Hexe (Viena Bruxa), cujo acesso ela conseguira porque seu criado Jules era um bruxo mestiço, algo do qual George não sabia.
- Mas como você vai conseguir, o Wolff prendeu todos em lugares diferentes e ainda, ele é muito poderoso, vai te matar se souber que você nos soltou! - respondeu Arthur apavorado.
- Não se preocupe Arthur, eu encontrei a localização de suas irmãs e sua mãe quando fui pegar sua varinha no quarto do Tutchenko, agora é só eu e Jules irmos pegá-los e vocês todos estarão a salvo e quanto ao Wolff, fique calmo - disse Lucrecia, disposta até a matar o bruxo do mal se fosse o caso.
Já no final da Wien Hexe, Lucrecia, Jules e Arthur entravam em uma casa que parecia uma pensão, mas que na verdade era o bar “Velho Burgomestre”, onde os bruxos daquela cidade se reuniam para beber e conversar.
O cocheiro corcunda se aproximou do balcão e perguntou ao atendente se havia por acaso um quarto disponível e ele respondeu que sim, sorrindo ao reconhecer o bruxo e indo chamar o dono do bar ao que a vampira ruiva Lucrecia disse: - Você vai ficar aqui e vai melhorar, mas sob nenhuma hipótese saia enquanto eu não trouxer sua mãe e irmãs.
Arthur assentiu com a cabeça e em seguida Lucrecia puxou Jules pelo braço dizendo: - Ainda temos trabalho a fazer!
Juntos, eles foram onde se encontravam presas as irmãs de Arthur, Corinna e Elizabeth e com a ajuda de uma fatal picaretada dada por Lucrecia na parte de trás na cabeça do guarda bruxo, as soltaram e puseram sãs e salvas na carruagem , embora machucadas pelas correntes que as prendiam, seguindo para o local em que estava presa a mãe dele, Louise e lá chegando, soltaram-na com a ajuda do inesperado dom musical de Elizabeth, que fez o guarda ficar completamente hipnotizado.
Porém, enquanto saíam, acabaram surpreendidos por Klaus Wolff, que furioso com a ousadia dos dois que haviam soltado as três, sacou a poderosa varinha para matar eles e mais as ex-prisioneiras, esquecendo completamente o acordo com Christopher Raven, quando de repente, Lucrecia saltou rapidamente e com toda a fúria no pescoço dele, arrancando um pedaço deste com uma forte mordida, fazendo jorrar muito sangue, o que causou morte quase imediata para o bruxo das trevas, deixando as três bruxas Raven apavoradas com tal cena.
- Perdoem-me, mas eu não tive escolha, éramos nós ou ele - disse Lucrecia saindo de cima do cadáver e observando-o, ao mesmo tempo em que usava um lenço para limpar o sangue que escorria pela boca, queixo e pescoço.
Ao mesmo tempo, as três bruxas observavam impressionadas que uma mudança havia acontecido ao cocheiro de Lucrecia: antes corcunda e muito feio, ele havia se transformado em um belo rapaz. Ao se virar para ordenar que Jules levasse todos para o “Velho Burgomestre”, surpreendeu-se ao vê-lo tão diferente, mesmo reconhecendo-o pelas roupas de cocheiro.
- Como...?! - Lucrecia não pôde terminar de perguntar, tamanho seu espanto.
- Se Klaus Wolff morresse, segundo o que um sábio bruxo me disse anos atrás, a maldição que ele jogou em minha mãe enquanto ela me esperava terminaria e como você o matou, ela acabou - disse ele sorrindo para Lucrecia.
Louise olhou o rapaz atentamente e disse impressionada: - Todo o mundo bruxo europeu sabia do que aquele biltre fez com sua pobre mãe quando seu pai recusou-se a ajudá-lo, jogou uma horrível maldição em sua mãe, te transformando em um corcunda quando você fizesse 15 anos e agora, com ele morto, tudo voltou ao normal em sua vida graças a Deus.
- Não só na vida dele, mas também na de muitos outros que foram vítimas desse desgraçado - disse Corinna furiosa, cuspindo no agora cadáver Klaus Wolff.
- Corinne, não faça isso, é um sacrilégio! - disse Elizabeth horrorizada.
- Melhor irmos antes que outros percebam a confusão e venha uma multidão para cá - disse Lucrecia fazendo sinal para que todos fossem para a carruagem.
Enquanto Jules levava Lucrecia para casa depois de deixar todos os Ravens no bar bruxo da Wien Hexe, George estava enlouquecido de fúria e Frieda estava aos berros por saber que Arthur Raven tinha escapado do cativeiro, perguntando quem o tinha ajudado a fugir e jurando que quando descobrisse, o culpado pagaria com a vida.
- Patroa, eu posso jurar que deixei tudo muito bem trancado, inclusive eu acorrentei o corpo todo dele hoje! Até mesmo mostrei para a senhora! - disse Tutchenko, que como Frieda, estava furioso.
- Eu vi, não precisa ficar se justificando, afinal eu sei que você nunca o soltaria, mas eu quero saber quem foi, porque sozinho aquele pequeno sacripanta não escaparia! - Frieda continuava berrando.
- De repente algum amigo bruxo do olhinho azul bretão veio salvar o menino se aproveitando que não tinha ninguém por aqui, afinal, dizem que tem magia de tudo que é coisa - disse Sukenna dando uma sugestão.
- A Sukenna pode estar certa, mas, como isso aconteceria se ninguém sabia que ele estava aqui? - Frieda parou os berros para que sua linha de pensamento funcionasse.
Todos ficaram em silêncio até que George disse: - Esse garotinho deve ter se comunicado com alguém, só pode ter sido isso, porque uma vez ouvi dizer que existem bruxos que são telepatas!
Tutchenko e Sukenna ficaram espantados enquanto Frieda pensava nos momentos em que esteve com o prisioneiro ou que o tinha visto, quando se lembrou: - Houve um dia em que esse sacripantazinho estava falando sozinho, como se estivesse se comunicando com alguém! Agora entendo, certamente ele deve ser telepata e estava usando a mente para se comunicar e conseqüentemente conseguir alguém que o resgatasse!
- Eu devia tê-lo mantido dormindo, eu devia! - gritava George se sentindo um idiota por não ter percebido o dom do menino.
- Agora não adianta mais nada, o problema agora é quando o Wolff souber disso, vai ficar furioso conosco, afinal você se comprometeu a deixá-lo aqui enquanto o acordo secreto entre ele e o tal Raven não se concretizasse - disse Frieda enquanto sentava garbosamente em uma cadeira forrada de veludo.
- E a mãe e as irmãs do menino? - perguntou Tutchenko.
- Certamente que foram ou ainda serão resgatadas, então temos que alertar o Wolff enquanto ainda dá tempo, porque ninguém é louco de recuperar alguém sem ter um plano para tal, embora tenha as localizações que roubou das coisas do Tutchenko... - Sukenna dizia, quando de repente ouviu a sineta da porta.
Atendendo a porta depois de ouvi-la, Sukenna o cumprimentou e perguntou o que ele desejava.
- É aqui que moram Sir George e Lady Frieda Witcherwell? - perguntou o homem, cuja roupa dizia que ele era algum criado.
- Sim, eu sou Sir George e esta é minha esposa, Lady Frieda - respondeu o britânico sorrindo ao escutar o criado chamando a vampira de “Lady”.
- Infelizmente, o motivo de minha visita é comunicar-lhes que meu patrão foi assassinado esta tarde - disse o criado com extremo receio e em tom triste.
O espanto tomou conta de todos quando o assassinato de Klaus Wolff foi anunciado pelo criado ao que George perguntou: - Como isso aconteceu?!
- Pelo ferimento terrível que havia no pescoço dele, só pode ter sido um vampiro e pelo visto, o senhor Wolff não teve sequer tempo de dizer o feitiço que pensava em proferir, porque a varinha estava na mão, mas sem qualquer traço de magia - respondeu o criado.
- O vampiro que cometeu essa infâmia certamente deve ser muito rápido e ainda, esse desgraçado faliu pelo menos um quarto dos meus negócios! - exclamou George enfurecido não apenas pelo assassinato do amigo, como pelo fato de que ele era o único contato comercial que ele tinha em parte dos estados germânicos.
- Com essa parte o senhor não precisa se preocupar, o patrão lhe deixou bons contatos nos estados germânicos e ainda, como ele não tinha filhos ou família, dividiu a herança dele entre eu e vocês: eu, ficando com a conta que ele tinha no banco e você e sua esposa ficando com a casa, os móveis e as jóias que ele tinha - disse ele tirando do bolso uma carta-testamento feita pelo bruxo e dando a George, cuja leitura feita pelos perspicazes olhos dele confirmou a fala do criado, que em seguida deu as condolências e anunciou sua partida.
- Deixe que nós o levemos ao portão, meu bom senhor - disse Frieda sorrindo e dando o braço ao marido, deixando muito claro aos olhos dos criados o que faria.
Os dois riram levemente e se despediram do criado sorrindo e passados quase vinte minutos, Frieda e George voltaram limpando os lábios sujos com um lenço e com a vampira dizendo: - O criado podia estar um pouco passado da idade, mas o sangue estava delicioso.
- Você soube mesmo como unir o útil ao agradável, nós estamos bem alimentados e temos toda a fortuna do Wolff só para nós - George riu muito.
- Aquele criado iria certamente gastar toda a conta do ex-patrão com bebidas e mulheres, é isso que os pobretões idiotas fazem quando ganham uma herança, brevemente ficam pobres de novo, não sabem tirar o melhor proveito do dinheiro, por isso os ricos ficam cada vez mais ricos! - ria Frieda terminando de limpar os lábios.
Em seguida George ordenou que Tutchenko se livrasse do corpo do criado de Wolff e imediatamente o siberiano foi cumprir as ordens do patrão enquanto Lucrecia pedira a Jules que voltasse uma última vez para a casa de George, de onde, de dentro da carroça, se despediu com um aceno e um pensamento:
- Pelo meu filho que Deus levou tão cedo, sua puta amaldiçoada, juro que você irá pagar cada mau trato a que submeteu o pequeno Arthur! E George, me perdoe, mas você carregará esse fardo sozinho agora.
O som das rodas da carroça que longe desejava ir misturado ao vento que sacudia as cortinas da carruagem parecia dizer que finalmente o destino estava conspirando contra a tão perversa vampira que tão garbosamente e luxuosamente se gabava de sua tão bela sorte.
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